Uma das minhas grandes frases da vida, aprendi com um mendigo que vende sua arte em arame na beira mar e que me fez chorar como criança com poucas palavras. Contei sobre isso aqui. Ícaro me disse que vínculo causa afeto, e afeto, sofrimento.
Fico abismada em reconhecer o quão este senhor estava certo. Um dos amigos que estava comigo acredita que ele seja covarde, por não se relacionar, evitando sofrimento. Ele pode até ser, mas eu sou muito mais. Minha covardia se revela em me apegar tão fácil e sofrer simplesmente por gostar demais. Provo o gosto (ou amargor) da frase ao sentir tanta saudade. Saudade das coisas mais simples, tão simples e leves como a conversa que tive com Ícaro e que me fez chorar.
Sinto saudade de sair pra correr, e de súbito passar uma hora sentada na praia conversando sobre detalhes de família, de como quão agradável pode ser visitar a avó na roça;
Sinto saudade de jogar frescobol com pessoas especiais;
Sinto saudade de estar de pijama e ouvir o interfone repentinamente com a visita dos meus amigos. E de trocar de roupa de modo rápido no intervalo de tempo em que eles subiam as escadas;
Sinto falta de fazer janta (e jantar) com meus pais. De passar tempo na cozinha conversando sobre trabalho, notícias, piadas, política...
Sinto falta de comer laranja de modo descomedido, sem me preocupar se a boca está suja durante o ato com meus amigos, ou fazer um piquenique numa toalha (e sentar fora da toalha);
Sinto falta de pedalar. de olhar uma árvore e ser extremamente grata pela existência de tudo;
Sinto falta de passar uma sexta feira a noite comendo pão de queijo (no Espírito Santo), fazendo as unhas da minha amiga e jogando UNO. Hoje, jogo uno sozinha [pode parecer bizarro, mas é só fingir que não sabe a carta do adversário - que acaba por ser você mesmo];
Sinto falta de ouvir a confiança dos meu pais. de ouvi-los dizer "pode acelerar" mesmo já estando acima da velocidade permitida. Ou mesmo me dando tarefas as quais exijam responsabilidade
Sinto falta do simples.
Sinto falta de pessoas especiais. Sinto falta porquê criei vínculos, os quais me causam sofrimento. E caio na concepção de que sou covarde. Sou covarde porque tenho medo de me relacionar e criar vínculos que, Deus, como machucam!
E mais, prefiro acreditar que sou covarde a ter de acreditar que estou num lugar onde vínculos não são possíveis devido à superficialidade das pessoas. Pois, mesmo estando rodeada de gente, encontro-me sozinha em outro estado, em outra cidade. E porque eu não desisto? porque todas essas pessoas capazes de me proporcionar momentos singelos, simples, melífluos e incríveis confiam em mim. Porque o sagrado se manifesta em cada detalhe do meu dia e a minha gratidão é muito maior que a vontade de jogar tudo pro alto.
Concluo com outra frase que guardo com carinho: "Ser simples, é ser incrível". Pois o incrível se manifesta nos pequenos momentos.
Namaskar.
sábado, 29 de outubro de 2016
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
A criança que você foi teria orgulho de quem você é?
Acredito que todo mundo tem uma crise nostálgica da infância.
Por volta dos 6 anos acreditava que quando chegasse aos quinze seria responsável, linda, magra e com futuro bem traçado, como personagens da bratz, menininhas, jolie, barbie ou qualquer outra que possui estampas em cadernos. Acredito que aos 15 já era responsável, mas vamos combinar, ninguém aos quinze está da maneira que pensou que estaria. Sobre futuro bem traçado... Quem nunca na graduação se questionou se está trilhando a escolha certa?! Quem nunca chorou durante a graduação, senão por desespero, por orgulho daquela prova que se estudou demais?! Aos 15 você apenas pensa em traçar. E enquanto você traça, sente insegurança e incerteza. Sobre o linda e magra, prefiro não comentar.
É claro que os 15 marca uma transição, mas amadurecimento e independência mesmo... ah... Isso é só depois dos 15! depois de experiências, muitos erros e lágrimas.
Por vezes queria me conhecer criança. Como se pudesse ser duas, como naquele episódio do menino maluquinho, personagem do Ziraldo, em que ele se encontra na fase dos 5, 10 e 20 anos.
Queria me trazer para minha casa. O meu eu com 6 anos acharia incrível os quadros anexados na parede bem como os mapas que guardo na gaveta. Acharia muito legal minhas lupas, bem como se interessaria pelos baralhos, canetas e lápis coloridos. Me acharia responsável e pontual quanto a minha rotina de assistir meus jornais, mas gostaria mesmo do fato de eu ainda gostar de desenhos. Me daria folhas A4 e disponibilizaria todos os lápis para que eu desenhasse. E eu acharia incrível aquela folha grande exclusiva pra mim. Faria um brigadeiro, para comer de colher, mas me deixaria enrolar bolinhas, deixar grudar na mão e fazer muita bagunça!; deixaria mascar chiclete e fixaria a tatuagem que viessem no pulso (mesmo sabendo que meu pai, aos 36 ou aos 50 não aprovaria isso),
O meu eu aos 6 sem dúvidas gostaria do meu eu aos 19.
O fato é que ninguém está como pensou que estaria aos 15! Somos esternas crianças. E manter a essência de criança viva, é lindo!

E a sua criança? sentiria orgulho de quem você é hoje?
Namaskar.
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
STATUS: preguiça de pessoas!
Inventar desculpas pra não sair, mesmo que não esteja afim de ficar em casa, pode me fornecer o rótulo de pacata. Deixar de responder inúmeras mensagens pode passar a imagem de que eu seja um tanto quanto arrogante. Mas na boa, faço isso sem o menor peso na consciência.
Defendo minha fala pois, estamos numa sociedade fadada a viver de aparências. Os interesses avaliam o financeiro, o físico, a simetria, o status. Avaliam o instagram repleto de fotos atraentes. Avaliam a popularidade. E, céus! Como isso me causa preguiça!!!Tenho preguiça de festas também. Não me classifique como ultrapassada. Adoro estar entre os colegas em programas informais ou fazendo algo pra comer numa tarde qualquer. Agora, festas... Faça-me o favor, se possível, de me poupar.

Tenho PREGUIÇA de conversas superficiais. e isso arremata o porquê dos meus vácuos. Os garotos se aproximam e demonstram interesse. Interesse pelos seus hobbies, pelos sonhos, por atividades, pelo curso, família... Se passa por uma pessoa legal. Aí, quando o recado de que não há interesse em relacionar-se fica claro, a pessoa simplesmente some. É claro que não some pra sempre, aparece quando rola uma foto bonitinha ou há alguma conquista. Dessa maneira, sem responder a muitos contatos, eu simplesmente poupo tempo. Não apenas o meu tempo, mas de ambos.As festas, no geral, ocorrem durante a noite, muito tarde! Eventos ideais para desregular o sono, a rotina e tornar as atividades do dia pouco produtivas. Mas isso é o de menos. O que mais me dá preguiça em festas é a futilidade. Futilidade nas aparências; na disputa de qual garota tem o cabelo mais hidratado e a maquiagem que menos a deixe parecida com o que ela é (a disputa permanece entre os garotos em vencer a disputa de conquistar "a mina"); disputa de quem tem roupa mais elegante, que de preferência, valorize padrões corporais estipulados pela indústria da beleza;
Tenho preguiça das pessoas pois são movidas de interesses.
Estar em um outro estado, e chegar sem conhecer ninguém, ampliou essa minha reflexão. E meu coração se entristece de ver minha geração assim. Superficial e repleta de desinteresse. Não cairei na hipocrisia de não me incluir nesse furdúncio.
Por um mundo com menos pessoas rasas. Esse devaneio utópico me evitaria muitos bocejos.
Namastê.
Ref. da Imagem
sábado, 1 de outubro de 2016
Arquétipos capitalistas
Há cerca de um ano perguntei pra alguém que considero muito sobre o futuro. Como se enxergava no futuro. Esse questionamento costuma ser um parâmetro que tenho pra minha vida.
Enfim, esse amigo respondeu que esperava um futuro que contivesse um carro legal, uma casa grande e cachorros. Ok, achei válida a definição dele, mas e as coisas simples (exceto o cachorro)?
Creio que seria um futuro muito vazio caso contivesse objetos monetários e não tivesse coisas simples.
Conversas, histórias, risadas, amigos. Isso é felicidade. A meu ver, isso é um futuro próspero.
Espero por pessoas que caso organizem seu futuro, lembrem que a vida é muito curta pra não ser aproveitada e limitada a objetos capitalistas.
Namaskar.
Namaskar.
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