Hoje pensei em ir à missa das 19. Em contrapartida, decidi ir andar de bicicleta, não só por sentir saudade da prática mas por não me sentir confortável na missa desse horário aos domingos (pela futilidade e esteriótipo que é alimentado pelas pessoas que a frequenta).
De qualquer maneira, ao passar em frente ao capitel de Santo Antônio e sob uma antiga igreja - construída por volta de 1885, na época da colonização - como de costume me benzi, como meu pai sempre faz ao passar em frente e ao sair e ao estacionar quando chega na garagem de casa. Complementando essa tradição, fiz minhas orações, incluindo o santo anjo. Lembrei que esta tinha sido a primeira oração que aprendi quando criança, e lembrei de minha mãe me ensinando antes de dormir. Foi muito aleatório ter pensado nisso, mas é justamente dessas reflexões avulsas que mais gosto que o esporte proporciona.
Fiz o mesmo trajeto realizado há cerca de 5 anos. O que me da prazer é pedalar nesse lugar, afastado do centro onde setores primários e secundários da cidade crescem -E compõe um dos meus locais favoritos, com um pôr do sol único. No final da tarde, observei sobre duas rodas o sol se por até a noite cair. O sentimento de bucolismo e de liberdade era gratificante.
Na volta, já era noite e um senhor, com um dente aparente, uma quase guimba de cigarro na mão e também de bicicleta aproximou-se do meu lado. Pensando que queria me ultrapassar, dei espaço para que assim fizesse. Em contrapartida, ao perceber que se mantinha constante ao meu lado aumentei a velocidade e ele começou a dizer:
"- Entra aí e fica quieta para o seu bem" apontando para um lugar deserto só com vegetação.
Sua intenção não era me ultrapassar, mas me cercar.
Não entendi o que ele tinha dito, imaginei que precisasse de ajuda ou algo semelhante. Ao compreender a situação, associar a presença de um único dente, identificar o cigarro e perceber a má pinta do senhor, comecei a pedalar como se estivesse disputando a maior maratona da minha vida. Agradeço por estar na marcha pesada e me permitir ter maior desenvoltura. Senti minha garganta secar, meus músculos contraírem e meu coração pulsar acelerado ao olhar para trás e perceber o sujeito aproximando-se do meu lado novamente.
Avistei uma família e um moço que chegavam para caminhar. Freei bruscamente e cumprimentei as pessoas. Elas não me deram muita atenção mas comecei a puxar conversa com a senhora. O mau sujeito prosseguiu. expliquei o ocorrido. O moço conhecia o sujeito - que mexe com droga e estava sob efeito de alguma substância. Esse moço acompanhou-me até um trajeto mais movimentado, o qual me permitiu que voltasse sozinha.
Não digo que tenha sido apenas machismo o cinismo do sujeito em se aproveitar do meu sexo 'frágil'. Os homens que conheço não agem dessa forma. Não foi só machismo, foi Falta de caráter.
Esta Santa Teresa do Timbuí também precisa de atenção por parte de seus habitantes.
Se Deus existe? sim. em todos os locais - permitindo que eu aprecie o por do sol e me fornecendo saúde e força o bastante para pedalar com uma boa desenvoltura- e não só na igreja.
Se anjo da gurda existe? sim, e o meu hoje acompanhou-se por um trajeto e chama-se Fernando.
Obrigada aos anjos da guarda como os Fernandos espalhados por aí.
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Amém.