Fim de ano
sempre vem com aquelas rotinas clichês. Comprar presentes para familiares,
organizar-se para as festas e a excepcional faxina de fim de ano - aquela que
faz limpar as estantes e juntar coisas antigas para doação.
Numa dessas faxinas de fim de ano junto com
minha mãe achei um caderno com anotações do meu primeiro ano na escola de
ensino fundamental. Nele, constava a frase: “A janela é grude.” Ao lermos
aquilo, rimos de maneira descontrolada. Talvez fosse a incoerência da frase ou
a inconstância da minha letra; quiçá ambas.
Quando os
risos cessaram, conclui que queria ter escrito: “A janela é grande”. Mas para
alguém com 6 anos que está aprendendo a escrever imagino que este erro seja irrelevante.
Recordo-me
com carinho da sala em que estudei onde criava estas frases, ela realmente possuía
duas janelas bem grandes. A tia Ângela ensinava-nos a formar palavras e
parabenizava quem escrevesse o maior número de frases em um caderno específico –
mesmo que a frase contivesse erros, como o que aqui citei. Com uma pedagogia muito tradicional, fornecia jornais para que fossem pintadas só as vogais ou só as consoantes para quem ousasse atrapalhar a aula. Eu, felizmente, cheirei a parede apenas uma vez e nunca tive de pintar letrar em jornais. Apesar disso, ficava muito feliz nas segundas feiras, quando era meu dia de apagar o quadro; e nas terças, quando era dia de levar verdura e meu pai me levava.
Pelas grandes
janelas, via meu tio – que dirigia o ônibus 057 e sempre me dava um xauzinho
durante o fim da última aula quando chegava para transportar os alunos.
Independe do tamanho – ou do grude – das janelas
da sua sala do primário, vale a pena recordar essa etapa do aprendizado e as
janelas que esta abriu em sua vida.Namaskar.