domingo, 16 de agosto de 2015

Durad(ouro)

Sai de casa pela manhã essa semana e me deparei com a seguinte cena:


                                         


O casal caminhava sob a chuva, ambos sem tanto vigor físico, mas havia ajuda mútua. O senhor segurava o guarda-chuva, enquanto a senhora conduzia os passos, verificando a falta de condição para passar em alguns lugares da calçada, por exemplo. Algo peculiar era a sincronia dos passos, caminhavam com a mesma passada. Havia carinhos nítidos nos gestos.

É bem verdade que agi como um paparazzi, mas não resisti em registrar o momento.
O cômico é que, observei isso justamente numa fase em que me questiono sobre o duradouro.

Segundo o dicionário, Duradouro é aquilo que tem capacidade de durar muito; ser durável.
Tem como sinônimo eterno, infindável, perenal.
Contando ainda com etimologia (durado + ouro).

O ouro pertence aos metais nobres, pois é difícil de sofrer oxidação e ainda é conhecido como símbolo de riqueza. Se um relacionamento não se desgasta com pouca coisa e mantém boas ligações, o adjetivo de duradouro cabe perfeitamente, sendo uma riqueza.

Entretanto, tal definição não me auxilia muito, uma vez que tenho minhas dúvidas sobre o eterno. Talvez seja falta de crença nele. Me comovi com a imagem justamente por não acreditar que ela possa se repetir com a nova geração.
Posso estar muito enganada, ou tendo concepções devido mágoas e inseguranças, mas penso que os dois velhilhos estão juntos até hoje, e cuidam um do outro com carinho por fazerem parte de uma geração distinta da atual.

Observo as relações atuais, e estas são regidas por padrões estéticos e monetários. Me questiono e me preocupo se nos relacionamentos há amizade antes do desejo, se há um algo genuíno e altruísta antes do que as pessoas definem como amor - porque acho que este último é utilizado de maneira inadequada.

Espero ser capaz de mudar minha concepção negativa sobre o assunto. Espero adquirir mais confiança. Espero por pessoas com qualidades estimáveis. 

Enquanto isso, admiro a valorização interior e gerações conservadoras.  


                                                                                    Namastê.

Nenhum comentário:

Postar um comentário