Querido 2016,
Ouvi muitos dizendo mal de você por aí.
Boatos de que foi um ano de crise, e não discordo. Mas lhe agradeço por isto, afinal, mostrou quantas oportunidades podem surgir com ela, bem como ratificou que devemos valorizar as coisas simples.
Além da crise financeira, há quem reclame da crise política que você presenciou importantes episódios. Bom, em você descobrimos o quão ferrados estamos e que nem governo, nem político nos representam, bem como quão alienada a população brasileira está.
Em você, aconteceu aquelas coisas que jamais imaginamos que aconteceria. Vestibulares foram vencidos, presenciamos príncipes do século XXI, que ao invés de cavalo branco e buquê de flores apresentou-se com carro branco e pizza. Houve ainda amizades que se iniciaram com uma máscara de cabeça de cavalo e você ratificou e selecionou quem vale a pena carregar de 2015.
você me mostrou como a saudade pode apertar e escorrer pelos olhos, bem como quão pouco podemos confiar nas pessoas.
meu querido 2016, você foi intenso! Não te julgo, mas lhe agradeço por todas as oportunidades e experiências. As guardarei com carinho.
Com muita saudade e gratidão, muito obrigada!
quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
segunda-feira, 12 de dezembro de 2016
Homem selvagem, capitalismo primata. Opss
Observo um fato bizarro nos shoppings. Pessoas são fadadas a limitar os finais de semana com distrações em shoppings centers comendo comidas sabor plástico após ficarem horas na fila do Mc Donald's. Não julgo tanto isso, até porque gosto muito do brinde do Mc lanche feliz, mas este programa retroalimenta um ciclo
ir ao shopping -> comprar uma roupa para ir ao shopping -> comer comida sabor plástico -> comprar um calçado para ir ao shopping -> consumir coisas de multinacionais -> ir ao shopping reclamar da crise local vestindo algo de uma multinacional.
Acredito que seria mais divertido passar o dia ao ar livre comendo comida de verdade. Não é nenhum pensamento hipster, mas faz sentido.
E quem sou eu pra julgar isso? Ninguém. por vezes sou escrava de grandes marcas, e ignoro a economia local.
Por vezes deixamos de comprar em pequenas lojas locais (que fazem o capital girar) e investimos em multinacionais que por vezes nem possuem filiais no nosso país.
Namaskar.
ir ao shopping -> comprar uma roupa para ir ao shopping -> comer comida sabor plástico -> comprar um calçado para ir ao shopping -> consumir coisas de multinacionais -> ir ao shopping reclamar da crise local vestindo algo de uma multinacional.
Acredito que seria mais divertido passar o dia ao ar livre comendo comida de verdade. Não é nenhum pensamento hipster, mas faz sentido.
E quem sou eu pra julgar isso? Ninguém. por vezes sou escrava de grandes marcas, e ignoro a economia local.
Por vezes deixamos de comprar em pequenas lojas locais (que fazem o capital girar) e investimos em multinacionais que por vezes nem possuem filiais no nosso país.
Namaskar.
domingo, 4 de dezembro de 2016
Caminhos para o combater o racismo no Brasil
O fardo do homem branco
A questão racial no Brasil é marcante desde a sua colonização. Iniciou-se no nordeste com a exploração de mão de escrava na indústria canavieira, passou pelo Sudeste com a escravidão na mineração e produção cafeeira e permanece no país por meio do racismo. Isto implica em problemas de cunho cultural, social, econômico e de segurança pública, os quais precisam ser combatidos.
Um dos problemas é a intolerância cultural. Religiões como a Umbanda e a macumba, por exemplo, são vistas de maneira pejorativa. Além disso, o sincretismo religioso como o fato de Iemanjá ser modificada em Nossa Senhora D'ajuda ratifica quão intolerante à sociedade foi bem como permanece sendo, visto que brinquedos como bonecas de cor negra não têm a mesma demanda e oferta no mercado que as de cor branca. Isto mostra que "O fardo do homem branco" imposto no final do século XIX para justificar o imperialismo europeu sobre África ultrapassou continentes permanecendo até o século XXI.
Outro ponto a ser avaliado é a dicotomia social. Na zona sul do Rio de Janeiro, por exemplo, a favela do Canta Galo - com maioria da população negra - é marginalizada frente à população de Ipanema. Esta dicotomia é evidente em regiões em cidade com histórico de escravidão, como Ouro Preto - MG, Vitoria - ES e Salvador - BA. Gera-se violência e o número de assassinatos por Policiais Militares ser de de maioria negra e pobre é compreendido. Cabe pontuar ainda que o contingente populacional de pessoas negras em grandes cargos bem como nas universidades é ínfimo apesar de o Brasil ser o maior país com população negra fora do continente africano.
Vê-se, portanto, a atuação de governos e escolas. Às escolas compete o dever de orientar e instruir, desde a educação básica acerca da diversidade religiosa e cultural bem como da importância de elementos africanos para composição da identidade nacional, por meio de gincanas e intercâmbios com escolas na África. Governos municipais devem promover tarde recreativas com atrações nacionais como modo de reunir periferia e centro. A polícia militar tem de criar um comitê com reuniões semanais para propor medidas de modo a reduzir ou número de assassinatos bem como o Governo Federal deve ampliar as políticas afirmativas em concursos públicos até equilibrar o continente populacional de negros em grandes cargos. Deste modo, com uma boa gestão pública, é possível minimizar o peso do fardo do homem branco sobre a população negra.
sábado, 3 de dezembro de 2016
Dezembro: Aberta a temporada da caça
Todo início de dezembro vem acompanhado de inúmeras reflexões sobre a desenvoltura do ano (que sempre "passou tão rápido") bem como de anseios por festas de fim de ano. Mas não só. Dezembro também é o início da temporada da caça.
Digo isso pois é dezembro chegar com as férias, com tempo ocioso, com verão e fotos de biquíni que o número de contatos cresce quase que exponencialmente. Pessoas que sumiram durante todo ano mandam um "Oi sumida". Ex's mandam "saudades"ou "nós dávamos tão certo". Interessados mandam mensagens continuamente.
Tudo isto de maneira desesperada. Tanto quanto (ou até mais) as pessoas que sobrevivem da temporada da caça.
E como a caça aos animais durante as temporadas, isto sempre rende boas histórias. Aproveite a sua temporada de caça sendo autor consciente da sua história e lembrando que o ano não se limita apenas ao verão e às férias.
Namaskar.
Digo isso pois é dezembro chegar com as férias, com tempo ocioso, com verão e fotos de biquíni que o número de contatos cresce quase que exponencialmente. Pessoas que sumiram durante todo ano mandam um "Oi sumida". Ex's mandam "saudades"ou "nós dávamos tão certo". Interessados mandam mensagens continuamente.
Tudo isto de maneira desesperada. Tanto quanto (ou até mais) as pessoas que sobrevivem da temporada da caça.
E como a caça aos animais durante as temporadas, isto sempre rende boas histórias. Aproveite a sua temporada de caça sendo autor consciente da sua história e lembrando que o ano não se limita apenas ao verão e às férias.
Namaskar.
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
Seja incrível!
Estava a conversar com uma amiga e conclui o quão bizarro nós mulheres nos tornamos ao sofrermos por coisas desnecessárias. Parecerei fútil mas, sofrimentos por calçados não adquiridos, por aquela roupa maravilhosa que não tem o número, por uma unha quebrada, por problemas do trabalho ou qualquer coisa do gênero são válidos, - e suportáveis de serem sentidos sem causar tantas rugas.
Agora, sofrimento por terceiro, acredito que seja mais futilidade ainda. sei que é fácil dizer sem estar na situação. Ora, se uma amiga está a sofrer por um 'boy' basta dizer "valorize-se, e se quiser, dê a chance para os tantos contatinhos que existem na sua agenda", é muito simples e teoricamente, fácil. Em contrapartida, lidar com isto quando há sentimento envolvido é bem complicado. Virar a página quando os finais de semanas tornaram-se fadados a permanecer numa companhia que já vinha se tornando mais do que agradável, mas rotineira, e a falta constrói uma saudade que transborda em lágrimas. Vamos combinar que, sofrer por aquela unha quebrada, sapato, roupa ou assuntos de trabalho é muito mais agradável.
E o mais bizarro: não precisamos disso, e por vezes eles nem merecem.
Ora, minha geração é super independente. Não precisamos de namorados nem ninguém com título semelhante ao nosso lado para nos apoiarmos.Somos independentes, não dependemos financeiramente de homens e se quisermos sair, sairemos. sozinhas e com nossas companhia. e não há problema algum. Somos esforçadas e bem direcionadas quanto aos nossos cursos e empregos, e se quisermos compartilhar nossa intimidade com alguém é somos confiantes o suficiente para permitirmo-nos isto. Participamos de aulas de campo e obtemos desempenho tão bom (quando não melhor) que os homens tanto dentro quanto fora de sala. Vamos do 8 ao 80 se quisermos, e da maneira que quisermos.
tenho uma amiga (que tem amigas deste modo) fenomenal!!! Sério, admiro de uma maneira ímpar a maneira com a qual ela age. Se elas saem de casa com vontade de beijar, elas simplesmente beijam - quem elas quiserem, como elas quiserem. Isso não se adapta à minha personalidade pois me apego muito fácil e me sentiria usada de certa maneira. Mas o porque de eu admirar tanto elas é o fato de que elas usam os garotos. E só!

Somos incríveis e capazes de mantermos isso sem cânceres ou qualquer desagrado.
Namastê.
Agora, sofrimento por terceiro, acredito que seja mais futilidade ainda. sei que é fácil dizer sem estar na situação. Ora, se uma amiga está a sofrer por um 'boy' basta dizer "valorize-se, e se quiser, dê a chance para os tantos contatinhos que existem na sua agenda", é muito simples e teoricamente, fácil. Em contrapartida, lidar com isto quando há sentimento envolvido é bem complicado. Virar a página quando os finais de semanas tornaram-se fadados a permanecer numa companhia que já vinha se tornando mais do que agradável, mas rotineira, e a falta constrói uma saudade que transborda em lágrimas. Vamos combinar que, sofrer por aquela unha quebrada, sapato, roupa ou assuntos de trabalho é muito mais agradável.
E o mais bizarro: não precisamos disso, e por vezes eles nem merecem.
Ora, minha geração é super independente. Não precisamos de namorados nem ninguém com título semelhante ao nosso lado para nos apoiarmos.Somos independentes, não dependemos financeiramente de homens e se quisermos sair, sairemos. sozinhas e com nossas companhia. e não há problema algum. Somos esforçadas e bem direcionadas quanto aos nossos cursos e empregos, e se quisermos compartilhar nossa intimidade com alguém é somos confiantes o suficiente para permitirmo-nos isto. Participamos de aulas de campo e obtemos desempenho tão bom (quando não melhor) que os homens tanto dentro quanto fora de sala. Vamos do 8 ao 80 se quisermos, e da maneira que quisermos.
tenho uma amiga (que tem amigas deste modo) fenomenal!!! Sério, admiro de uma maneira ímpar a maneira com a qual ela age. Se elas saem de casa com vontade de beijar, elas simplesmente beijam - quem elas quiserem, como elas quiserem. Isso não se adapta à minha personalidade pois me apego muito fácil e me sentiria usada de certa maneira. Mas o porque de eu admirar tanto elas é o fato de que elas usam os garotos. E só!

Somos incríveis e capazes de mantermos isso sem cânceres ou qualquer desagrado.
Namastê.
sábado, 26 de novembro de 2016
Rótulos
Quem nunca comprou um produto pelo atrativo da imagem da embalagem que atire a primeira pedra.
Quem nunca comprou um produto pelo atrativo da imagem da embalagem e se decepcionou com o conteúdo, que permaneça a atirar pedras.
Isso é muito recorrente. Com aqueles chocolates que aparentam um recheio sensacional; com panetones trufados e que mal mal são molhadinhos por dentro; com hambúrguer e tantas coisas que a mídia e a publicidade são capazes de enganar nosso cérebro. Compramos a imagem. Compramos embalagens. Compramos rótulos.
Como se não bastasse o hábito na indústria, nós fazemos isto constantemente com pessoas.
Minha maturidade para parar de rotular as pessoas chegou um pouco tarde, e nem sei se chegou por completo.
Estamos fadados a rotular o tempo todo. Rotulamos que quem senta na primeira carteira da classe são nerds que querem aparecer e pagar de inteligentes. Sequer questionamos se possuem problemas de visão, de atenção ou de audição.
Rotulamos que quem estuda e tira boas notas sem dúvidas é totalmente centrado e não possui vida social. e ainda ousamos dizer: "O que adianta ser tão inteligente e não aproveitar a vida?".
Rotulamos que pessoas tímidas com apreço por rotina não vão à festas, não se embebedam e não trocam o dia pela noite e não beijam muiiiito.
Rotulamos que pessoas negras e/ou vestidas de modo que foge do "padrão" habitual - também rotulado pela sociedade - não irão nos assaltar. Por vezes deixamos de mexer no celular quando estas se aproximam, sem nem considerar que podem ser pessoas melhores do que nós.
Rotulamos a beleza relacionando-a à fotos e curtidas no instagram.
Rotulamos que a mocinha elegante e aparentemente delicada não tem um lado bruto.
Rotulamos as pessoas pela vestimenta e associamos à poder aquisitivo. Há tempo me contaram a uma história de um homem sujo, muito trabalhador que chegou numa concessionária de caminhões. Não obteve atendimento adequado pelos funcionários da loja. Saiu sem ser percebido e retornou de modo semelhante com uma maleta. Com humildade tirou da maleta o valor do dinheiro para adquirir um veículo à vista, quebrando a expectativa imediata que as pessoas ali presente criaram dele.
Rotulamos mendigos e os associamos a drogados e perdidos, sem sequer conhecer seu histórico familiar e os problemas por eles vividos. Uma das minhas conversas mais sensacionais - a qual chorei como criança - foi com um morador de rua, a qual comentei aqui.
O fato é que é possível ser nerd e sentar no fundão, bem como sentar na frente e ser excepcionalmente divertido. É possível ter excelentes notas e mérito e ser a pessoa mais enturmada da galera. É possível usar Oakley, Lacoste, Cobra D'água, Kenner e ser honesto. É possível ser meiga e fofa mas rústica quando se trata de esporte ou campo. É possível considerar as pessoas babadeiras do instagram bem barangas ao vivo e sem filtro. É possível ser tímido e beber, curtir a noite da maneira menos provável e beijar quem der vontade. É possível encontrar alguém de jeans e chinelo com conta no banco maior que o engravatado. É possível encontrar moradores de rua com histórias fenomenais e muitos ensinamentos - considerando ainda o que diz Gnomo Brasil em Chocolate Louco ¨hippie tem cartão de banco".
A sociedade deixou de se enxergar como humanidade desde a Revolução Industrial e a inserção de embalagens.

Créditos à foto: Maria Laura Couto Costa (com rótulo e conteúdo excepcional)
Saiba construir relações pessoais de maneira semelhante a alguém que cuida da alimentação e escolhe produtos na prateleira. Esqueça os rótulos e procure pela trabela nutricional, a qual lhe fornecerá o conteúdo.
Namastê.
Quem nunca comprou um produto pelo atrativo da imagem da embalagem e se decepcionou com o conteúdo, que permaneça a atirar pedras.
Isso é muito recorrente. Com aqueles chocolates que aparentam um recheio sensacional; com panetones trufados e que mal mal são molhadinhos por dentro; com hambúrguer e tantas coisas que a mídia e a publicidade são capazes de enganar nosso cérebro. Compramos a imagem. Compramos embalagens. Compramos rótulos.
Como se não bastasse o hábito na indústria, nós fazemos isto constantemente com pessoas.
Minha maturidade para parar de rotular as pessoas chegou um pouco tarde, e nem sei se chegou por completo.
Estamos fadados a rotular o tempo todo. Rotulamos que quem senta na primeira carteira da classe são nerds que querem aparecer e pagar de inteligentes. Sequer questionamos se possuem problemas de visão, de atenção ou de audição.
Rotulamos que quem estuda e tira boas notas sem dúvidas é totalmente centrado e não possui vida social. e ainda ousamos dizer: "O que adianta ser tão inteligente e não aproveitar a vida?".
Rotulamos que pessoas tímidas com apreço por rotina não vão à festas, não se embebedam e não trocam o dia pela noite e não beijam muiiiito.
Rotulamos que pessoas negras e/ou vestidas de modo que foge do "padrão" habitual - também rotulado pela sociedade - não irão nos assaltar. Por vezes deixamos de mexer no celular quando estas se aproximam, sem nem considerar que podem ser pessoas melhores do que nós.
Rotulamos a beleza relacionando-a à fotos e curtidas no instagram.
Rotulamos que a mocinha elegante e aparentemente delicada não tem um lado bruto.
Rotulamos as pessoas pela vestimenta e associamos à poder aquisitivo. Há tempo me contaram a uma história de um homem sujo, muito trabalhador que chegou numa concessionária de caminhões. Não obteve atendimento adequado pelos funcionários da loja. Saiu sem ser percebido e retornou de modo semelhante com uma maleta. Com humildade tirou da maleta o valor do dinheiro para adquirir um veículo à vista, quebrando a expectativa imediata que as pessoas ali presente criaram dele.
Rotulamos mendigos e os associamos a drogados e perdidos, sem sequer conhecer seu histórico familiar e os problemas por eles vividos. Uma das minhas conversas mais sensacionais - a qual chorei como criança - foi com um morador de rua, a qual comentei aqui.
O fato é que é possível ser nerd e sentar no fundão, bem como sentar na frente e ser excepcionalmente divertido. É possível ter excelentes notas e mérito e ser a pessoa mais enturmada da galera. É possível usar Oakley, Lacoste, Cobra D'água, Kenner e ser honesto. É possível ser meiga e fofa mas rústica quando se trata de esporte ou campo. É possível considerar as pessoas babadeiras do instagram bem barangas ao vivo e sem filtro. É possível ser tímido e beber, curtir a noite da maneira menos provável e beijar quem der vontade. É possível encontrar alguém de jeans e chinelo com conta no banco maior que o engravatado. É possível encontrar moradores de rua com histórias fenomenais e muitos ensinamentos - considerando ainda o que diz Gnomo Brasil em Chocolate Louco ¨hippie tem cartão de banco".
A sociedade deixou de se enxergar como humanidade desde a Revolução Industrial e a inserção de embalagens.
Créditos à foto: Maria Laura Couto Costa (com rótulo e conteúdo excepcional)
Saiba construir relações pessoais de maneira semelhante a alguém que cuida da alimentação e escolhe produtos na prateleira. Esqueça os rótulos e procure pela trabela nutricional, a qual lhe fornecerá o conteúdo.
Namastê.
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
Sobre degraus: suba!
Por vezes sonhamos, mas, ao depararmo-nos com os obstáculos desistimos simplesmente porque o cômodo é mais agradável que o trabalhoso.
Em contrapartida, a emoção da conquista é mais saborosa que a tranquilidade do passivo.
Por isso, é fundamental planejarmos nossos sonhos e, sobretudo, como os conquistaremos. Tenho um amigo que sempre questiona que "o dia passou e eu não fiz nada"; "tenho tanta coisa pra estudar mas não está rendendo". Eu apenas o oriento a se planejar. Anotar tudo que tem de ser feito em horários pré determinados - claro que na medida do possível. Não adianta destinar pouco tempo para atividades que requerem mais. Funciona de maneira semelhante com o pomodoro (que inclusive foi esse mesmo amigo que me apresentou à prática).
Por isso, é fundamental planejarmos nossos sonhos e, sobretudo, como os conquistaremos. Tenho um amigo que sempre questiona que "o dia passou e eu não fiz nada"; "tenho tanta coisa pra estudar mas não está rendendo". Eu apenas o oriento a se planejar. Anotar tudo que tem de ser feito em horários pré determinados - claro que na medida do possível. Não adianta destinar pouco tempo para atividades que requerem mais. Funciona de maneira semelhante com o pomodoro (que inclusive foi esse mesmo amigo que me apresentou à prática).
Deste modo, é possível subir um degrau de cada vez de modo a não permitir que o melhor seja inimigo do ótimo. Se não tem como ser ou fazer "o melhor" seja ou faça o seu melhor.
Sonhe alto, planeje-se, suba sem medo e comemore em silêncio.
Namastê.
terça-feira, 22 de novembro de 2016
"Todo mundo faz"
Por vezes justificamos nossos comportamentos com a frase "mas todo mundo faz" e nos engamos acreditando que muitas atitudes são normais simplesmente pelo fato da sociedade ter rotulado o errado, comum.
Inúmeras vezes me deparei com pessoas influenciadas a fumar, a ouvir musicas, a frequentar lugares, a publicar fotos e status, a consumir produtos e até mesmo a beber apenas para se sentir inserido pois "todo mundo faz".
Não te julgo se você fuma pelo seu vício e por ali encontrar a calmaria. Não te julgo se você gosta de apreciar cerveja, de degustar um bom vinho ou se gosta da bebida barata pra ver o estrago. Não te julgo se você conhece as músicas dos seus amigos e se identifica com elas. Não te julgo se você foi influenciado e instigado a conhecer novos lugares e sabores. Não te julgo se você se inspira e admira fotos ou se recebeu bons argumentos sobre um produto. Mas, te julgo, se você se forçar a "gostar" e a se comportar de tal modo apenas porque "todo mundo faz".
E não me vem com essa de que "não existe má influência as pessoas fazem o que bem querem". Até o ser humano adquirir maturidade para não ser influenciável requer muita vivência. Um adolescente obviamente será influenciado por um grupo de amigos para se sentir inserido.
Fazer o que todo mundo faz porque todo mundo faz é de uma hipocrisia ímpar. É sem definição o aconchego e admiração de conhecer pessoas diferentes, com histórias que diferem da sua, e até mesmo opiniões. Por mais que o outro discorde de você e na sua cabeça você esteja a pensar "nossa, que pessoa sem noção" o respeito à opinião do outro é algo construtivo e necessário para uma sociedade sadia e flexível.
Imagine que chato chegar a uma festa e conversar com várias pessoas com o mesmo comportamento e mesma concepção de vida.
Uma sociedade heterogênea é uma veículo de propagação de conhecimentos.
Que você tenha experiências a ponto de definir quem você é, de modo a não ser influenciável, sendo Maria, mas não indo com as outras.
Namaskar.
domingo, 20 de novembro de 2016
Família mineira
Hoje tive a oportunidade de almoçar com uma família mineira e confesso que é uma experiência sensacional. Não difere muito da família de cultura italiana. Sempre lhe oferecerão comida até não conseguir mais comer um grão e no café da tarde os primos se reunião em um canto enquanto os tios estarão conversando em outro, mas sempre interagindo.
Mas a receptividade mineira é singular com direito a sorrisos, abraços e beijos na bochecha com marca de batom ilimitados. A comida então, nem se fale. Você se deparará com um feijão tropeiro espetacular para "encher o pandú"- que, em Minas, aos domingos é mais certo que uva passa nas comidas de fim de ano.
E o melhor de tudo é ouvir o modo de conversar.
Não sei lidar em ser recebida com um "comê que cê ta?" e com o aconchego de estar no sofá (que sempre cabe mais um) e chegar um primo e dizer "arreda um pouco" ou então receber um convite "vamo conós" ou "vamo cagente" ou ainda ser convidada para um "cafezim" com um "pãozim" e durante o café ouvir uma explicação com "olha pro cê vê". Acompanhar a rixa "cabulosa" entre Cruzeiro e Galo e tentar entender qual "jugô" melhor. "Nú", "Nossinhora". Sem falar no "sô". Eu me derreto toda ao escutar um "sô". Minha vontade de abraçar toda a família, colocar em um baú e carregar pra casa!
Meu apreço à todas as família mineiras que são "um trem bão dimais da conta, sô"
Namastê.
Mas a receptividade mineira é singular com direito a sorrisos, abraços e beijos na bochecha com marca de batom ilimitados. A comida então, nem se fale. Você se deparará com um feijão tropeiro espetacular para "encher o pandú"- que, em Minas, aos domingos é mais certo que uva passa nas comidas de fim de ano.
E o melhor de tudo é ouvir o modo de conversar.
Não sei lidar em ser recebida com um "comê que cê ta?" e com o aconchego de estar no sofá (que sempre cabe mais um) e chegar um primo e dizer "arreda um pouco" ou então receber um convite "vamo conós" ou "vamo cagente" ou ainda ser convidada para um "cafezim" com um "pãozim" e durante o café ouvir uma explicação com "olha pro cê vê". Acompanhar a rixa "cabulosa" entre Cruzeiro e Galo e tentar entender qual "jugô" melhor. "Nú", "Nossinhora". Sem falar no "sô". Eu me derreto toda ao escutar um "sô". Minha vontade de abraçar toda a família, colocar em um baú e carregar pra casa!
Meu apreço à todas as família mineiras que são "um trem bão dimais da conta, sô"
Namastê.
terça-feira, 8 de novembro de 2016
Mas você vai sozinha?
Por vezes me deparo com as pessoas me perguntando "mas você foi sozinha?" e sem exitar eu respondo: sim!
Se eu não optasse por ir sozinha, provavelmente não iria em muitos lugares. Pra começar, minha melhor amiga é muito sedentária. Não compreendo como é capaz de passar o dia inteiro deitada. Além do mais, não tenho irmãos, e minhas outras amizades, bom, ou moram longe ou são "frescas" demais para me acompanharem.
Aprendi que se eu quero nadar, tenho de colocar a touca, os óculos e apenas ir. Se quero fazer trilha de pedal, basta eu pegar a bicicleta e ir. Se quero andar de patins, basta calçá-los e adivinha: Ir!
Recebi uma visita na última semana e ouvi "Nossa, mas você mora sozinha?" como se fosse um martírio!
Recordo-me de que no início do ano teria um show o qual queria muito ir. Me programei pra ir e pronto. Acebei por receber um convite, e minhas amigas enxergaram o fato de, de imediato ter dito que iria sozinha, como uma desculpa para não dizer que iria acompanhada. Por favor!
Não vejo problema em ir sozinha. Sou muito legal e gosto da minha companhia.
Em alguns pontos ir sozinha tem seu lado ruim. A falta de uma companhia te impossibilita de tirar certas fotos, mas existe tripé e temporizador e pau de selfie e lentes que minimizam isso (tenho de considerar também que muito dos meus amigos não têm paciência comigo para fotos). Confesso que já passei por alguns apuros como dito aqui, bem como já peguei alguns ônibus errados, mas no fim foi divertido e me possibilitou novos horizontes.
Tenho de ressaltar que estar sozinha te possibilita conhecer novas pessoas de maneira distinta.
No último final de semana fui a um seminário o qual tinha muita vontade de ir (e se me enxergasse dependente de alguém, não teria ido). No intervalo entre as palestras, um jovem se aproximou e perguntou se eu estava sozinha. Foi bizarro, pois, estávamos num salão com várias outras pessoas. Por fim, o conheci, bem como seu amigo fotógrafo. Compartilhamos ideias, histórias, sorrisos e a companhia ao decorrer do seminário.
Hoje, por exemplo, estava caminhando a fim de encontrar uma igreja que só tinha conhecimento da torre. De súbito, me deparei com a rua interrompida devido um evento da rede globo. comuniquei o senhor que vinha no mesmo sentido que eu, e, acabamos por conversar. Até agora não sei o nome dele, mas sei que veio de Bauru- SP, tem uma filha que faz estatística e tem tantas outras histórias sensacionais que apesar de simples, foram agradáveis de ouvir. Não sabia pra onde ele estava indo, e na verdade nem eu sabia para onde ir, pois já tinha encontrado a localização da igreja. Eu apenas acompanhei os passos dele até onde achei seguro e conveniente.

Não exite em ir sozinho. Com um pouco de dinheiro e bom senso de segurança é possível conhecer novos lugares, pessoas, histórias, culturas, costumes e acima de tudo, a si mesmo.
Namaskar.
Se eu não optasse por ir sozinha, provavelmente não iria em muitos lugares. Pra começar, minha melhor amiga é muito sedentária. Não compreendo como é capaz de passar o dia inteiro deitada. Além do mais, não tenho irmãos, e minhas outras amizades, bom, ou moram longe ou são "frescas" demais para me acompanharem.
Aprendi que se eu quero nadar, tenho de colocar a touca, os óculos e apenas ir. Se quero fazer trilha de pedal, basta eu pegar a bicicleta e ir. Se quero andar de patins, basta calçá-los e adivinha: Ir!
Recebi uma visita na última semana e ouvi "Nossa, mas você mora sozinha?" como se fosse um martírio!
Recordo-me de que no início do ano teria um show o qual queria muito ir. Me programei pra ir e pronto. Acebei por receber um convite, e minhas amigas enxergaram o fato de, de imediato ter dito que iria sozinha, como uma desculpa para não dizer que iria acompanhada. Por favor!
Não vejo problema em ir sozinha. Sou muito legal e gosto da minha companhia.
Em alguns pontos ir sozinha tem seu lado ruim. A falta de uma companhia te impossibilita de tirar certas fotos, mas existe tripé e temporizador e pau de selfie e lentes que minimizam isso (tenho de considerar também que muito dos meus amigos não têm paciência comigo para fotos). Confesso que já passei por alguns apuros como dito aqui, bem como já peguei alguns ônibus errados, mas no fim foi divertido e me possibilitou novos horizontes.
Tenho de ressaltar que estar sozinha te possibilita conhecer novas pessoas de maneira distinta.
No último final de semana fui a um seminário o qual tinha muita vontade de ir (e se me enxergasse dependente de alguém, não teria ido). No intervalo entre as palestras, um jovem se aproximou e perguntou se eu estava sozinha. Foi bizarro, pois, estávamos num salão com várias outras pessoas. Por fim, o conheci, bem como seu amigo fotógrafo. Compartilhamos ideias, histórias, sorrisos e a companhia ao decorrer do seminário.
Hoje, por exemplo, estava caminhando a fim de encontrar uma igreja que só tinha conhecimento da torre. De súbito, me deparei com a rua interrompida devido um evento da rede globo. comuniquei o senhor que vinha no mesmo sentido que eu, e, acabamos por conversar. Até agora não sei o nome dele, mas sei que veio de Bauru- SP, tem uma filha que faz estatística e tem tantas outras histórias sensacionais que apesar de simples, foram agradáveis de ouvir. Não sabia pra onde ele estava indo, e na verdade nem eu sabia para onde ir, pois já tinha encontrado a localização da igreja. Eu apenas acompanhei os passos dele até onde achei seguro e conveniente.

Não exite em ir sozinho. Com um pouco de dinheiro e bom senso de segurança é possível conhecer novos lugares, pessoas, histórias, culturas, costumes e acima de tudo, a si mesmo.
Namaskar.
sábado, 5 de novembro de 2016
< Balanço de um ano de rompimento da barragem de fundão - O Espírito Santo > #3/5
Após o rompimento da barragem, ou como diria os capixabas, após a barragem "pocar", com cerca de três aflitos dias a população espírito santense foi inundada com a lama de rejeitos da barragem de fundão no Rio Doce, atingindo os municípios de Baixo Guandú, Colatina, Marilândia e Linhares.
O drama vivido no Espírito Santo reafirma que o crime afetou pessoas que estavam muito longe do empreendimento. Não foi um desastre espacial, mas temporal. Não é possível ter estimativas do tempo de recuperação da região e de sua produtividade com efeitos difíceis de serem quantificados.
Os danos atingiram setores vários, como da economia, do turismo, da agricultura, do comércio, gerando uma desconfiança generalizada bem como impactos emocionais.
* Agricultura
Todos os municípios atingidos compartilham a prática da agricultura. Desde a de subsistência, passando pela familiar (que abastece o mercado interno por meio das feiras e mercados) até o plantation, com a monocultura de café e mamão, por exemplo. Deste modo, o preço de muitas mercadorias provenientes do campo aumentou (isso quando a mercadoria não vinha a faltar). Ocorreu ainda a falta de mercadoria para exportação - a qual auxilia a manter a balança comercial favorável - e deixou muitas pessoas em situação de dívidas nos bancos. Imagine a situação de muitos José's que vivem da agricultura, tendo-a como único modo de ganha pão. Eles vão ao banco, fazem empréstimos, compram irrigação, agrotóxicos; pagam mão de obra para plantar; acordam cedo e trabalham de sol a sol. Contam com o auxílio da natureza para mandar chuva e assim terem água para tocar o seu negócio. Na hora de irrigar suas plantações, e posteriormente colher e devolver o dinheiro ao banco, são impossibilitados devido ao crime. É desolador.
* Pescado
Os pescadores deixaram de pescar (na teoria, pois na prática muitos dependem dos peixes para se alimentarem). Parece simples dizer que o problema cessa apenas com a população deixando de pescar e de consumir o pescado, mas os peixes dali extraídos eram utilizados para constituição de ração animal. Deste modo, a contaminação dos peixes afeta uma outra cadeia, a dos animais a consumirem a ração. Isto promove altas chances de casos de câncer, um legado perverso deixado às próximas gerações.
Além disso, as pessoas que alugavam freezers na alta temporada bem como os artesãos de redes de pesca e de anzóis também são afetados, impedindo a economia de se desenvolver uma vez que limita o capital de giro.
Perpetua-se assim, o sentimento de insegurança alimentar e a complexidade nas relações sociais.
Ainda relacionado às comunidades pesqueiras, um dos problemas que ocorre é o tédio. O cartão de dinheiro apenas não resolve os problemas, uma vez que uma atividade de vida foi interrompida sem deposição de outra atividade no lugar. É comum encontrar pescadores bêbados sentados nos barcos. Ocorreu aumento nos casos de violência doméstica, de prostituição e como consequência a quebra na estrutura familiar. Tudo isto permeado de insegurança, desconfiança e medo.
*Regiões Litorâneas; Turismo
O turismo foi diretamente afetado, visto que os rejeitos após desaguarem no mar atingiram todo o litoral capixaba. E mesmo com a informação de que as praias estavam próprias para banho, muitas famílias trocaram o programa de verão com medo e desconfiança, os quais permanecem um ano após o ocorrido. O balneário de Pontal do Ipiranga, em Linhares, é um exemplo. Visitei o local no feriado de 12 de outubro de 2013. Apesar de ser feriado, o balneário estava vazio. Apenas a população nativa estava no local. O dinheiro da comunidade é arrecadado apenas na alta estação. Após o ocorrido, a renda de muitas famílias foi comprometida, visto que aguardavam o dinheiro a ser arrecadado no mês que sucedia a tragédia. Isso não só em Pontal, mas em todo litoral capixaba.
Além disso, há comunidades em que funcionários da Samarco visitam os locais tingidos todos os dias de modo a coletar amostrar e fazer registos. Sem diálogo com a população, estes profissionais provocam o sentimento de vigilância e monitoramento contínuo, gerando uma alienação em massa.
* Comunidade Maria Ortiz - Colatina
Este bairro localiza-se a cerca de 5 passos da ferrovia da compania da Vale. A população ribeirinha sempre conviveu com a ferrovia passando todos os dias, poluindo as casas com minério bem como contribuindo para a poluição sonora.
As mães mandavam os filhos brincarem "do outro lado", oposto à ferrovia. Em contrapartida, no último ano as mães deixaram de orientar isto, pois, "o outro lado" agora encontra-se o rio inundado de lama de rejeitos.
Não há mais lado para que as crianças brinquem nem sossego para as mães.
A empresa explora e impacta a região nas duas margens da sociedade.

imagem
Ainda em Colatina, há um resistência em reconhecer que a água é própria para consumo. A cidade permanece desconfiada da qualidade da água apesar de existirem laudos técnicos que mostram o contrário. Há necessidade de comprovações científicas para sustentar que não há mais riscos, mas mesmo assim, a sociedade resiste em se submeter a mais riscos.
E os danos não param por aí. Há pesquisadores do Reino Unido que estão a fazer o estudo da contaminação das águas subterrâneas. Fica mais que evidente que este um ano de tragédias decorrente do crime se perpetuará por incontáveis outros anos.
Como se não bastasse, instituições judiciais mantiveram-se neutras diante do acontecimento. Muitos executivos simplesmente abandonaram o caso. E pior, passaram para a empresa a responsabilidade e o poder de como será feito o processo de reparação. Assim, os termos são dados pela empresa, dando a ela o domínio não apenas do controle da situação, mas do tempo das pessoas que ficaram diretamente dependentes das decisões a serem tomadas.
Adéquo aqui uma frase utilizada na geologia: "Do continente ao mar, tudo é mudança".
Confira mais no acervo digital lançado ontem: http://riodocevivo.omeka.net/
Deixo a minha solidarização ao meu querido povo capixaba,
Namaskar.
O drama vivido no Espírito Santo reafirma que o crime afetou pessoas que estavam muito longe do empreendimento. Não foi um desastre espacial, mas temporal. Não é possível ter estimativas do tempo de recuperação da região e de sua produtividade com efeitos difíceis de serem quantificados.
* Agricultura
Todos os municípios atingidos compartilham a prática da agricultura. Desde a de subsistência, passando pela familiar (que abastece o mercado interno por meio das feiras e mercados) até o plantation, com a monocultura de café e mamão, por exemplo. Deste modo, o preço de muitas mercadorias provenientes do campo aumentou (isso quando a mercadoria não vinha a faltar). Ocorreu ainda a falta de mercadoria para exportação - a qual auxilia a manter a balança comercial favorável - e deixou muitas pessoas em situação de dívidas nos bancos. Imagine a situação de muitos José's que vivem da agricultura, tendo-a como único modo de ganha pão. Eles vão ao banco, fazem empréstimos, compram irrigação, agrotóxicos; pagam mão de obra para plantar; acordam cedo e trabalham de sol a sol. Contam com o auxílio da natureza para mandar chuva e assim terem água para tocar o seu negócio. Na hora de irrigar suas plantações, e posteriormente colher e devolver o dinheiro ao banco, são impossibilitados devido ao crime. É desolador.
* Pescado
Os pescadores deixaram de pescar (na teoria, pois na prática muitos dependem dos peixes para se alimentarem). Parece simples dizer que o problema cessa apenas com a população deixando de pescar e de consumir o pescado, mas os peixes dali extraídos eram utilizados para constituição de ração animal. Deste modo, a contaminação dos peixes afeta uma outra cadeia, a dos animais a consumirem a ração. Isto promove altas chances de casos de câncer, um legado perverso deixado às próximas gerações.
Além disso, as pessoas que alugavam freezers na alta temporada bem como os artesãos de redes de pesca e de anzóis também são afetados, impedindo a economia de se desenvolver uma vez que limita o capital de giro.
Perpetua-se assim, o sentimento de insegurança alimentar e a complexidade nas relações sociais.
Ainda relacionado às comunidades pesqueiras, um dos problemas que ocorre é o tédio. O cartão de dinheiro apenas não resolve os problemas, uma vez que uma atividade de vida foi interrompida sem deposição de outra atividade no lugar. É comum encontrar pescadores bêbados sentados nos barcos. Ocorreu aumento nos casos de violência doméstica, de prostituição e como consequência a quebra na estrutura familiar. Tudo isto permeado de insegurança, desconfiança e medo.
*Regiões Litorâneas; Turismo
O turismo foi diretamente afetado, visto que os rejeitos após desaguarem no mar atingiram todo o litoral capixaba. E mesmo com a informação de que as praias estavam próprias para banho, muitas famílias trocaram o programa de verão com medo e desconfiança, os quais permanecem um ano após o ocorrido. O balneário de Pontal do Ipiranga, em Linhares, é um exemplo. Visitei o local no feriado de 12 de outubro de 2013. Apesar de ser feriado, o balneário estava vazio. Apenas a população nativa estava no local. O dinheiro da comunidade é arrecadado apenas na alta estação. Após o ocorrido, a renda de muitas famílias foi comprometida, visto que aguardavam o dinheiro a ser arrecadado no mês que sucedia a tragédia. Isso não só em Pontal, mas em todo litoral capixaba.
Além disso, há comunidades em que funcionários da Samarco visitam os locais tingidos todos os dias de modo a coletar amostrar e fazer registos. Sem diálogo com a população, estes profissionais provocam o sentimento de vigilância e monitoramento contínuo, gerando uma alienação em massa.
* Comunidade Maria Ortiz - Colatina
Este bairro localiza-se a cerca de 5 passos da ferrovia da compania da Vale. A população ribeirinha sempre conviveu com a ferrovia passando todos os dias, poluindo as casas com minério bem como contribuindo para a poluição sonora.
As mães mandavam os filhos brincarem "do outro lado", oposto à ferrovia. Em contrapartida, no último ano as mães deixaram de orientar isto, pois, "o outro lado" agora encontra-se o rio inundado de lama de rejeitos.
Não há mais lado para que as crianças brinquem nem sossego para as mães.
A empresa explora e impacta a região nas duas margens da sociedade.
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Ainda em Colatina, há um resistência em reconhecer que a água é própria para consumo. A cidade permanece desconfiada da qualidade da água apesar de existirem laudos técnicos que mostram o contrário. Há necessidade de comprovações científicas para sustentar que não há mais riscos, mas mesmo assim, a sociedade resiste em se submeter a mais riscos.
Uma amiga de Colatina, gastou 6 meses com um tratamento de pele bárbaro. O rosto parecia de uma princesa. Após encerrado o tratamento (e do pagamento), ocorreu a tragédia, e a qualidade da água para banho era terrível. Repleta de cloro, com cor, cheiro e gosto. A pele de Barbie passou a ter alergias.
E os danos não param por aí. Há pesquisadores do Reino Unido que estão a fazer o estudo da contaminação das águas subterrâneas. Fica mais que evidente que este um ano de tragédias decorrente do crime se perpetuará por incontáveis outros anos.
Adéquo aqui uma frase utilizada na geologia: "Do continente ao mar, tudo é mudança".
Confira mais no acervo digital lançado ontem: http://riodocevivo.omeka.net/
Deixo a minha solidarização ao meu querido povo capixaba,
Namaskar.
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
As dificuldades para a democratização do acesso à cultura
O acesso à cultura nunca foi democrático no Brasil, visto que cultura está relacionada à educação. No século XVIII, apenas filhos da elite minoritária tinham condições de estudarem na Europa. No território nacional, a facilidade à educação chegou apenas no final do século XX. Atualmente, mesmo com amplo contato à internet, o acesso à cultura ainda fica restrito, fato que precisa ser revertido.
A supervalorização do futebol e do corpo, são empecilhos para a democratização da cultura. Por vezes, pessoas tendem a pagar por ingressos de futebol valores maiores que ingressos de teatros, por exemplo. Além do mais, o mercado de cosméticos brasileiro é o segundo maior do mundo, bem como o amplo litoral explorado pelo turismo contribui para a supervalorização do corpo. Deste modo, pessoas são tendenciadas a passarem mais tempo em academias do que em estádios, bibliotecas e feiras científicas.
Vale ressaltar também que, teatros, cinemas científicos e eventos culturais costumam ocorrer em grandes cidades e centros urbanos, e nem sempre são gratuitos. Isto, aliado a inexistência de uma cultura na sociedade brasileira que estimule o interesse à assuntos culturais limita não só o acesso, mas o interesse da população. Outro ponto que afeta a democracia cultural é a dicotomia social, visto que, em uma mesma região, o valor da mensalidade de escolas particulares chega a ser equivalentes ao salário mensal que uma família tem para se manter.
Deste modo, visto que a dicotomia social é um problema, compete ao Governo Federal conceder "tickets família cultura" os quais possibilitem o acesso gratuito ou subsidiado em teatros, cinemas e feiras científicas, de acordo com o importo de renda de cada família. Às escolas devem coordenar projetos integrados, interagindo escolas públicas e particulares de modo a compartilhar desde a cultura literária até a local, Empresas de cosméticos devem pagar impostos que sejam revertidos em verbas para investimentos em cursos de artes cênicas, teatros e espaços culturais, promovendo a cultura itinerante para que o acesso não se limite apenas em centros urbanos mas para que chegue também no interior. A mídia deve ter carga horária de transmissão de programas de futebol equivalente à de programas culturais. Deste modo, em pleno século XX, é possível democratizar o acesso à cultura no Brasil.
A supervalorização do futebol e do corpo, são empecilhos para a democratização da cultura. Por vezes, pessoas tendem a pagar por ingressos de futebol valores maiores que ingressos de teatros, por exemplo. Além do mais, o mercado de cosméticos brasileiro é o segundo maior do mundo, bem como o amplo litoral explorado pelo turismo contribui para a supervalorização do corpo. Deste modo, pessoas são tendenciadas a passarem mais tempo em academias do que em estádios, bibliotecas e feiras científicas.
Vale ressaltar também que, teatros, cinemas científicos e eventos culturais costumam ocorrer em grandes cidades e centros urbanos, e nem sempre são gratuitos. Isto, aliado a inexistência de uma cultura na sociedade brasileira que estimule o interesse à assuntos culturais limita não só o acesso, mas o interesse da população. Outro ponto que afeta a democracia cultural é a dicotomia social, visto que, em uma mesma região, o valor da mensalidade de escolas particulares chega a ser equivalentes ao salário mensal que uma família tem para se manter.
Deste modo, visto que a dicotomia social é um problema, compete ao Governo Federal conceder "tickets família cultura" os quais possibilitem o acesso gratuito ou subsidiado em teatros, cinemas e feiras científicas, de acordo com o importo de renda de cada família. Às escolas devem coordenar projetos integrados, interagindo escolas públicas e particulares de modo a compartilhar desde a cultura literária até a local, Empresas de cosméticos devem pagar impostos que sejam revertidos em verbas para investimentos em cursos de artes cênicas, teatros e espaços culturais, promovendo a cultura itinerante para que o acesso não se limite apenas em centros urbanos mas para que chegue também no interior. A mídia deve ter carga horária de transmissão de programas de futebol equivalente à de programas culturais. Deste modo, em pleno século XX, é possível democratizar o acesso à cultura no Brasil.
terça-feira, 1 de novembro de 2016
Anticoncepcional
Esta semana estava comemorando o aniversário de uma pessoa muito querida, junto de outra pessoas queridas também. Até o momento do alarme de uma delas despertar e, coincidentemente no mesmo horário de outras três também. Tratava-se do lembrete do horário para que elas tomassem seus anticoncepcionais. Isso bastou para que o assunto da mesa se torna este. Em meio todas as meninas, eu (e o único menino ali presente) éramos os únicos a não tomar anticoncepcional. Além disso, refleti que, todas as minhas amigas fazem uso do mesmo.

Podem vir com argumento de que "ajuda nas espinhas e a melhorar a pele". Poxa, não tenho espinhas consideráveis, e minha pele está ok. Refuto que, o anticoncepcional gera alterações hormonais, caso o utilizasse, estaria sujeita a engordar (o que seria muito provável para o meu biotipo).
Outro ponto que por enquanto faz com que ainda permanece sendo minoria, é que o uso em massa deste não possui estudo longínquos. Ora, um estudo voltado pra saúde, como para dizer que o óleo de coco ou a semente de chia fazem realmente bem ao organismo necessitam de pesquisas de no mínimo 50 anos, de modo que atravesse gerações e seus resultados sejam de fato observados. Na época de nossas mãe e avós o uso do anticoncepcional não era comum. Não sabendo de fato os efeitos colaterais que podem gerar a longo prazo.
Outra, visando que de qualquer modo é um medicamente e ainda provoca alterações hormonais, isto iria contra o meu estilo de vida paleo. Não veja isto como um capricho ou como uma mera dieta. Apenas procuro me alimentar na maioria das refeições de comida de verdade proveniente da natureza, evitando industrializados e embutidos. Meu organismo é sensível à mudanças alimentares, bem como à bebidas alcoólicas, e sem dúvidas o anticoncepcional iria contra o meu estilo de vida.
À todas as amigas que necessitam do queridinho "anti-baby", seja para funcionar realmente como um anti-baby, seja para regular o ciclo, seja para ter a autonomia de dizer "vou pra piscina quando quiser porque não sou obrigada", seja para evitar cólicas, melhorar a pele ou mante a saúde do útero, façam bom uso. Mas eu, por hora, não necessito. E não precisa tentar me convencer.
Namaskar.
sábado, 29 de outubro de 2016
A saudade é uma linha tênue entre afeto e a falta de covardia.
Uma das minhas grandes frases da vida, aprendi com um mendigo que vende sua arte em arame na beira mar e que me fez chorar como criança com poucas palavras. Contei sobre isso aqui. Ícaro me disse que vínculo causa afeto, e afeto, sofrimento.
Fico abismada em reconhecer o quão este senhor estava certo. Um dos amigos que estava comigo acredita que ele seja covarde, por não se relacionar, evitando sofrimento. Ele pode até ser, mas eu sou muito mais. Minha covardia se revela em me apegar tão fácil e sofrer simplesmente por gostar demais. Provo o gosto (ou amargor) da frase ao sentir tanta saudade. Saudade das coisas mais simples, tão simples e leves como a conversa que tive com Ícaro e que me fez chorar.
Sinto saudade de sair pra correr, e de súbito passar uma hora sentada na praia conversando sobre detalhes de família, de como quão agradável pode ser visitar a avó na roça;
Sinto saudade de jogar frescobol com pessoas especiais;
Sinto saudade de estar de pijama e ouvir o interfone repentinamente com a visita dos meus amigos. E de trocar de roupa de modo rápido no intervalo de tempo em que eles subiam as escadas;
Sinto falta de fazer janta (e jantar) com meus pais. De passar tempo na cozinha conversando sobre trabalho, notícias, piadas, política...
Sinto falta de comer laranja de modo descomedido, sem me preocupar se a boca está suja durante o ato com meus amigos, ou fazer um piquenique numa toalha (e sentar fora da toalha);
Sinto falta de pedalar. de olhar uma árvore e ser extremamente grata pela existência de tudo;
Sinto falta de passar uma sexta feira a noite comendo pão de queijo (no Espírito Santo), fazendo as unhas da minha amiga e jogando UNO. Hoje, jogo uno sozinha [pode parecer bizarro, mas é só fingir que não sabe a carta do adversário - que acaba por ser você mesmo];
Sinto falta de ouvir a confiança dos meu pais. de ouvi-los dizer "pode acelerar" mesmo já estando acima da velocidade permitida. Ou mesmo me dando tarefas as quais exijam responsabilidade
Sinto falta do simples.
Sinto falta de pessoas especiais. Sinto falta porquê criei vínculos, os quais me causam sofrimento. E caio na concepção de que sou covarde. Sou covarde porque tenho medo de me relacionar e criar vínculos que, Deus, como machucam!
E mais, prefiro acreditar que sou covarde a ter de acreditar que estou num lugar onde vínculos não são possíveis devido à superficialidade das pessoas. Pois, mesmo estando rodeada de gente, encontro-me sozinha em outro estado, em outra cidade. E porque eu não desisto? porque todas essas pessoas capazes de me proporcionar momentos singelos, simples, melífluos e incríveis confiam em mim. Porque o sagrado se manifesta em cada detalhe do meu dia e a minha gratidão é muito maior que a vontade de jogar tudo pro alto.
Concluo com outra frase que guardo com carinho: "Ser simples, é ser incrível". Pois o incrível se manifesta nos pequenos momentos.
Namaskar.
Fico abismada em reconhecer o quão este senhor estava certo. Um dos amigos que estava comigo acredita que ele seja covarde, por não se relacionar, evitando sofrimento. Ele pode até ser, mas eu sou muito mais. Minha covardia se revela em me apegar tão fácil e sofrer simplesmente por gostar demais. Provo o gosto (ou amargor) da frase ao sentir tanta saudade. Saudade das coisas mais simples, tão simples e leves como a conversa que tive com Ícaro e que me fez chorar.
Sinto saudade de sair pra correr, e de súbito passar uma hora sentada na praia conversando sobre detalhes de família, de como quão agradável pode ser visitar a avó na roça;
Sinto saudade de jogar frescobol com pessoas especiais;
Sinto saudade de estar de pijama e ouvir o interfone repentinamente com a visita dos meus amigos. E de trocar de roupa de modo rápido no intervalo de tempo em que eles subiam as escadas;
Sinto falta de fazer janta (e jantar) com meus pais. De passar tempo na cozinha conversando sobre trabalho, notícias, piadas, política...
Sinto falta de comer laranja de modo descomedido, sem me preocupar se a boca está suja durante o ato com meus amigos, ou fazer um piquenique numa toalha (e sentar fora da toalha);
Sinto falta de pedalar. de olhar uma árvore e ser extremamente grata pela existência de tudo;
Sinto falta de passar uma sexta feira a noite comendo pão de queijo (no Espírito Santo), fazendo as unhas da minha amiga e jogando UNO. Hoje, jogo uno sozinha [pode parecer bizarro, mas é só fingir que não sabe a carta do adversário - que acaba por ser você mesmo];
Sinto falta de ouvir a confiança dos meu pais. de ouvi-los dizer "pode acelerar" mesmo já estando acima da velocidade permitida. Ou mesmo me dando tarefas as quais exijam responsabilidade
Sinto falta do simples.
Sinto falta de pessoas especiais. Sinto falta porquê criei vínculos, os quais me causam sofrimento. E caio na concepção de que sou covarde. Sou covarde porque tenho medo de me relacionar e criar vínculos que, Deus, como machucam!
E mais, prefiro acreditar que sou covarde a ter de acreditar que estou num lugar onde vínculos não são possíveis devido à superficialidade das pessoas. Pois, mesmo estando rodeada de gente, encontro-me sozinha em outro estado, em outra cidade. E porque eu não desisto? porque todas essas pessoas capazes de me proporcionar momentos singelos, simples, melífluos e incríveis confiam em mim. Porque o sagrado se manifesta em cada detalhe do meu dia e a minha gratidão é muito maior que a vontade de jogar tudo pro alto.
Concluo com outra frase que guardo com carinho: "Ser simples, é ser incrível". Pois o incrível se manifesta nos pequenos momentos.
Namaskar.
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
A criança que você foi teria orgulho de quem você é?
Acredito que todo mundo tem uma crise nostálgica da infância.
Por volta dos 6 anos acreditava que quando chegasse aos quinze seria responsável, linda, magra e com futuro bem traçado, como personagens da bratz, menininhas, jolie, barbie ou qualquer outra que possui estampas em cadernos. Acredito que aos 15 já era responsável, mas vamos combinar, ninguém aos quinze está da maneira que pensou que estaria. Sobre futuro bem traçado... Quem nunca na graduação se questionou se está trilhando a escolha certa?! Quem nunca chorou durante a graduação, senão por desespero, por orgulho daquela prova que se estudou demais?! Aos 15 você apenas pensa em traçar. E enquanto você traça, sente insegurança e incerteza. Sobre o linda e magra, prefiro não comentar.
É claro que os 15 marca uma transição, mas amadurecimento e independência mesmo... ah... Isso é só depois dos 15! depois de experiências, muitos erros e lágrimas.
Por vezes queria me conhecer criança. Como se pudesse ser duas, como naquele episódio do menino maluquinho, personagem do Ziraldo, em que ele se encontra na fase dos 5, 10 e 20 anos.
Queria me trazer para minha casa. O meu eu com 6 anos acharia incrível os quadros anexados na parede bem como os mapas que guardo na gaveta. Acharia muito legal minhas lupas, bem como se interessaria pelos baralhos, canetas e lápis coloridos. Me acharia responsável e pontual quanto a minha rotina de assistir meus jornais, mas gostaria mesmo do fato de eu ainda gostar de desenhos. Me daria folhas A4 e disponibilizaria todos os lápis para que eu desenhasse. E eu acharia incrível aquela folha grande exclusiva pra mim. Faria um brigadeiro, para comer de colher, mas me deixaria enrolar bolinhas, deixar grudar na mão e fazer muita bagunça!; deixaria mascar chiclete e fixaria a tatuagem que viessem no pulso (mesmo sabendo que meu pai, aos 36 ou aos 50 não aprovaria isso),
O meu eu aos 6 sem dúvidas gostaria do meu eu aos 19.
O fato é que ninguém está como pensou que estaria aos 15! Somos esternas crianças. E manter a essência de criança viva, é lindo!

E a sua criança? sentiria orgulho de quem você é hoje?
Namaskar.
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
STATUS: preguiça de pessoas!
Inventar desculpas pra não sair, mesmo que não esteja afim de ficar em casa, pode me fornecer o rótulo de pacata. Deixar de responder inúmeras mensagens pode passar a imagem de que eu seja um tanto quanto arrogante. Mas na boa, faço isso sem o menor peso na consciência.
Defendo minha fala pois, estamos numa sociedade fadada a viver de aparências. Os interesses avaliam o financeiro, o físico, a simetria, o status. Avaliam o instagram repleto de fotos atraentes. Avaliam a popularidade. E, céus! Como isso me causa preguiça!!!Tenho preguiça de festas também. Não me classifique como ultrapassada. Adoro estar entre os colegas em programas informais ou fazendo algo pra comer numa tarde qualquer. Agora, festas... Faça-me o favor, se possível, de me poupar.

Tenho PREGUIÇA de conversas superficiais. e isso arremata o porquê dos meus vácuos. Os garotos se aproximam e demonstram interesse. Interesse pelos seus hobbies, pelos sonhos, por atividades, pelo curso, família... Se passa por uma pessoa legal. Aí, quando o recado de que não há interesse em relacionar-se fica claro, a pessoa simplesmente some. É claro que não some pra sempre, aparece quando rola uma foto bonitinha ou há alguma conquista. Dessa maneira, sem responder a muitos contatos, eu simplesmente poupo tempo. Não apenas o meu tempo, mas de ambos.As festas, no geral, ocorrem durante a noite, muito tarde! Eventos ideais para desregular o sono, a rotina e tornar as atividades do dia pouco produtivas. Mas isso é o de menos. O que mais me dá preguiça em festas é a futilidade. Futilidade nas aparências; na disputa de qual garota tem o cabelo mais hidratado e a maquiagem que menos a deixe parecida com o que ela é (a disputa permanece entre os garotos em vencer a disputa de conquistar "a mina"); disputa de quem tem roupa mais elegante, que de preferência, valorize padrões corporais estipulados pela indústria da beleza;
Tenho preguiça das pessoas pois são movidas de interesses.
Estar em um outro estado, e chegar sem conhecer ninguém, ampliou essa minha reflexão. E meu coração se entristece de ver minha geração assim. Superficial e repleta de desinteresse. Não cairei na hipocrisia de não me incluir nesse furdúncio.
Por um mundo com menos pessoas rasas. Esse devaneio utópico me evitaria muitos bocejos.
Namastê.
Ref. da Imagem
sábado, 1 de outubro de 2016
Arquétipos capitalistas
Há cerca de um ano perguntei pra alguém que considero muito sobre o futuro. Como se enxergava no futuro. Esse questionamento costuma ser um parâmetro que tenho pra minha vida.
Enfim, esse amigo respondeu que esperava um futuro que contivesse um carro legal, uma casa grande e cachorros. Ok, achei válida a definição dele, mas e as coisas simples (exceto o cachorro)?
Creio que seria um futuro muito vazio caso contivesse objetos monetários e não tivesse coisas simples.
Conversas, histórias, risadas, amigos. Isso é felicidade. A meu ver, isso é um futuro próspero.
Espero por pessoas que caso organizem seu futuro, lembrem que a vida é muito curta pra não ser aproveitada e limitada a objetos capitalistas.
Namaskar.
Namaskar.
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Das poesias dos mineiros
A poesia está presente nos detalhes mais simples. Está nos versos com rimas ricas e até nos com pobres; está no canto dos pássaros; está no amanhecer bucólico; está no cheirinho de café sendo coado pela manhã ou na hora do café da tarde. Está, sobretudo, presente na população de Minas Gerais.
Os mineiros que tive contato (sem exceção) me aquecem o coração com o peculiar modo de falar, independente da região. Não serei insensível como os paulistas, os quais acreditam que quem nasce em Minas está fadado a viver sentado na varando observando as vacas. Muito pelo contrário, admiro de maneira singular tudo aqui existente.
O sotaque é muito vasto. Vai desde uma intensa expressão que é capaz de conciliar euforia e passividade numa frase do tipo "sou de Inhaúma, per di Set Lagoas" ; passa por Pará de Minas e diz " Ô gent, esse trem tá bom dimais da conta sô"; vai a São João del Rei e coloca o verbo antes do eu "abala eu" e se estende de maneira deliciosa ao dizer " ocê sab que horas vem o prox ôns (ônibus)".
Não tem como não se derreter como manteiga ao ouvir um mineirinho conversar. Não sou capaz de conter o sorriso ao interagir com tanta sinceridade e afetividade ao se expressar.
Me encanto com a melifluidade da voz e de como a intonação se expressa. Sem contar com as expressões do tipo "arredar", "fingir de égua" "adedanha" (vamos combinar, é adedonha!)
Nossa! É falar um "sô" perto de mim que me conquista fácil fácil!
Nossa! É falar um "sô" perto de mim que me conquista fácil fácil!
De qualquer maneira, esse trem de sotaque abala eu toda, sô!
À todos os mineirinhos que derretem o meu coração,
Namastê
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
Das coisas que as redes sociais sucumbiu
De férias, andando pela minha cidade, após virar uma esquina, de súbito esbarrei com um amigo que não via há tempo. Amigo o qual estudou desde a infância até a adolescência comigo. Valorizo estes tipos de amizades pois, são a garantia de que sua infância está guardada com carinho em outra memória.
Conversamos brevemente e ele me chamou pra sair. Um encontro qualquer que possibilitasse colocarmos as conversas em dia. O cômico foi como me senti com o convite dele. Estava muito confortável com a conversa na calçada, mas quando fiquei diante do convite tive aquela sensação que antecede o beijo, tipo um frio na barriga sabe?! Não ocorrera nada demais, mas fiquei muito sem graça. De fato, como diz um colega de curso "poucas coisas são tão fáceis como me deixar sem graça", mas estar diante daqueles olhos verdes amigos que me fitavam esperando uma resposta, me deixou fora do ar por um tempo. E porquê? Porque não me lembro da última vez que me fizeram um convite pessoalmente. Estamos habituados a marcar e combinar coisas por meio das redes sociais, e por vezes o que deveria ser natural, acaba se tornando algo inovador, como aconteceu comigo. O "Vamos sair sexta?" com olho no olho foi muito mais incrível que convites enviados ao meu telefone celular.
A vida fora da internet é incrível! explore-a!
Por um mundo com menos redes sociais, que tornam as pessoas menos sociais.
Namastê.
Conversamos brevemente e ele me chamou pra sair. Um encontro qualquer que possibilitasse colocarmos as conversas em dia. O cômico foi como me senti com o convite dele. Estava muito confortável com a conversa na calçada, mas quando fiquei diante do convite tive aquela sensação que antecede o beijo, tipo um frio na barriga sabe?! Não ocorrera nada demais, mas fiquei muito sem graça. De fato, como diz um colega de curso "poucas coisas são tão fáceis como me deixar sem graça", mas estar diante daqueles olhos verdes amigos que me fitavam esperando uma resposta, me deixou fora do ar por um tempo. E porquê? Porque não me lembro da última vez que me fizeram um convite pessoalmente. Estamos habituados a marcar e combinar coisas por meio das redes sociais, e por vezes o que deveria ser natural, acaba se tornando algo inovador, como aconteceu comigo. O "Vamos sair sexta?" com olho no olho foi muito mais incrível que convites enviados ao meu telefone celular.
A vida fora da internet é incrível! explore-a!
Por um mundo com menos redes sociais, que tornam as pessoas menos sociais.
Namastê.
domingo, 5 de junho de 2016
sábado, 28 de maio de 2016
Do 4 ao 40
Luto contra distância
E por toda discrepância;
Luto pelos dizeres mal ditos a seu respeito,
Pois lhe gosto do fundo do meu peito.
A tatuagem.
Não mostra apenas uma paisagem
é o registro da homenagem
De quem lhe fez, assim, todo malandragem.
Quando passo a caminhar
em frente aquele banco me ponho a lembrar
Do dia em que sentamos e ficamos a pensar
Da nossa maneira peculiar
O 'nós' em mim sempre existiu.
Se não mais, foi você que o extinguiu.
Pois sempre que passar no banco, ficarei atenta
E lembrarei que foi você que me levou do 4 ao 40.
Milli, B. C.
Namaskar
sábado, 21 de maio de 2016
Saudade
E essa saudade que me deixa ...
...doida,
em meio à selva de pedra
Com a alma doída,
em meio ao tirocínio
E assim permaneço
Sem extermínio. Doida. Doída.
Milli, B. C.
segunda-feira, 2 de maio de 2016
Do 5 ao 50
Cãibras mostram indícios de Morbidez
mesmo assim, cogito a avidez.
Opõe-se a escassez do inglês
E não explica os meus porquês;
A denúncia alheia
chicoteia e desnorteia.
Ocasiona a insegurança,
Mas há esperança e semelhança.
Avistamos a penumbra na janela,
A tarde vem singela;
O clima, se desgela.
Seu abraço me movimenta;
seu sorriso me desorienta,
E me leva do cinco ao cinquenta.
Milli, B. C.
Milli, B. C.
quarta-feira, 30 de março de 2016
Ativismo nas redes sociais - Dissertação Argumentativa
Manifestações nas redes sociais: do acesso à reflexão
A Revolução Técnico-Científico-Informacional ampliou o acesso à internet para população do mundo todo. No Brasil, não foi diferente. O fácil acesso às redes sociais possibilitou interação, conhecimento e inclusive o engajamento com causas e manifestações sociais. Em contrapartida, existem entraves no que tange ativismo nas redes que ferem a democracia e o bem estar social.
É notório que as manifestações exercem papel fundamental na democracia. O MPS (Movimento Passe Livre) que ocorreu em São Paulo, bem como a Primavera Árabe que promoveu uma série de revoluções no oriente são prova disto. Em contrapartida, alguns protestos organizados nas redes sociais tornam-se meros programas de domingo ou simples distração, deixando de exercer o real papel da cidadania.
Vale ressaltar que os ativismos nas redes sociais correm o risco de disseminar o senso comum e opiniões contraditórias. Jovens sem instrução histórica bem como pessoas que não são dotadas de conhecimento político e senso crítico são facilmente influenciados. Isto ocorre, por exemplo, em eleições; em opiniões sobre cotas bem como cria "xenofobias regionais", como ocorreu nas eleições de 2014 com a disseminação da "aversão aos nordestinos". A violência também é inserida devido ao fato dos movimentos serem organizado nas redes sociais - permitindo a presença de miscigenados grupos. Isto favorece a atuação dos black blocs, os quais destroem patrimônios, geram o caos e a desordem. Tudo isto reduz a seriedade das manifestações.
Nessa perspectiva, observa-se que não basta apenas que a sociedade tenha acesso às manifestações, é preciso que haja reflexão acerca da cidadania. Desta maneira, compete ao MEC (Ministério da Educação), inserir nas escola um programa de ensino "Da história para atualidade" com reflexão da história brasileira e orientação de que os problemas do passado são capazes de explicar as complicações da atualidade, bem como orientar sobre democracia e o respeito às diferentes culturas nacionais. Além disso, o Governo Federal tem de investir em segurança e monitoramento dos locais previstos para que tenha manifestações, como forma de manter a democracia com segurança. Desta maneira, com Governo, sociedade e escolas engajados é possível minimizar os entraves existentes nos ativismos na rede.
segunda-feira, 28 de março de 2016
Por que as pessoas traem?
Bom, esta é uma pergunta que não tem resposta completa.
Há quem diga que a traição é fruto de interesses econômicos; monotonia na relação; falta de manutenção ao relacionamento; estilo de vida ou mesmo infidelidade.
Eu acredito que um grande motivo de haver a traição é a falta de monogamia.
Não digo que temos de viver como puritanos ou como cegonhas e corvos, mas imagine: alguém que se relacionou a vida toda com apenas um parceiro não terá o pensamento de traição ou troca pensando que poderia estar na posição de conchinha com outra pessoa pois encachava melhor; ou com o abraço de outro por ser mais aconchegante; ou provando da culinária original pois o atual não possui dotes culinários; ou ouvindo piadas e tendo carinhos mais melífluos.
Acredito que um dos fatores da traição é este. A falta de monogamia.
Se você está em um relacionamento e já se engajou com outra pessoas, enterre os momentos com as outras pessoas - mas as respeite - e dê manutenção ao atual.
(Ou faça o que achar ser mais prudente).
Namaskar.
Há quem diga que a traição é fruto de interesses econômicos; monotonia na relação; falta de manutenção ao relacionamento; estilo de vida ou mesmo infidelidade.
Eu acredito que um grande motivo de haver a traição é a falta de monogamia.
Acredito que um dos fatores da traição é este. A falta de monogamia.
Se você está em um relacionamento e já se engajou com outra pessoas, enterre os momentos com as outras pessoas - mas as respeite - e dê manutenção ao atual.
(Ou faça o que achar ser mais prudente).
Namaskar.
domingo, 27 de março de 2016
Não troque a foto.
Creio que este seja um dos males que a humanidade vem enfrentando. A necessidade de achar um ângulo, um filtro e um aplicativo que crie ou mostre alguém esteriotipamente melhor do que realmente é. Para um aceitação não apenas de si, mas da sociedade.
E na real? Todas as pessoas que curtem as fotos e comentam nem sempre são tão fundamentais para quem posta - às vezes os que realmente importam nem as vê.
Quando recebo cantadinhas no direct do instagram de pessoas desconhecidas sobre fotos que me valorizam, vou logo jogando a real: "Não sou igual as das fotos. Meu Cabelo é seco. Só tenho tanquinho quando forço e não sou alta como aparento. Tenho apenas 1,60m bem como espinhas". Desta maneira já elimino falsos arquétipos e expectativas.
Por isso, Valorize quem está presente do seu lado. não troque a foto. Troque afeto.
Namaskar.
sábado, 26 de março de 2016
IS LUA
IS LUA ☾
Teu canto, me encanta.
Tua voz, me acalanta
Teu sorriso, me abrilhanta
Teu humor me cobre
como uma manta.
Teu sorriso, me abrilhanta
Teu humor me cobre
como uma manta.
No compasso, perfaço nosso laço, pois
Macio e confortável é teu abraço;
ao atravessar a rua, pega meu braço e
Com melifluidade, ordena meu passo.
Bela menina, tão feminina
No pé de serra, é dançarina
No sentimento, é genuína
Óh Deus, ela é divina!
No sentimento, é genuína
Óh Deus, ela é divina!
A felicidade a gente brinda
A despedida nos blinda,
A despedida nos blinda,
Mas as coisas findas
muito mais que lindas
Estas ficarão.
Milli, B. C.
Milli, B. C.
sexta-feira, 25 de março de 2016
Valorize a mão que segura a sua
Quem nunca estivera a caminhar/dirigir/ ou mesmo no ônibus e quando percebera, acabara de flertar com um simples olhar?
Olhares dizem muitas coisas. Os penetrantes, não necessitam nem de indiretas.
Estava conversando com uma amiga esta semana que me disse não olhar mais para homens na rua, mesmo se forem conhecidos. Primeiro porque ela não enxerga bem (de modo que não distingue nem a mãe se estiver do outro lado da calçada); Segundo, pela agressão que pode estar se submetendo.
E concordo plenamente com sua decisão - talvez por já ter um olhar que me cativou, ou simplesmente por compreender a decisão dela simplesmente por ser mulher.
Nós, mulheres, temos nossos próprios olhares. Quando avistamos outra mulher muito bonita ou bem arrumada, a encaramos com um olhar que expressa grande admiração ou inveja. Do mesmo modo se estiver de maneira exótica.
Em contrapartida, olhares masculinos perante mulheres nem sempre são com bondade. A maioria das vezes expressa um convite subentendido; uma tentativa de flerte; Admirações maliciosas. E não basta estar de batom vermelho ou de saia para ser vítima disto.
Não condeno os olhares. Há quem goste e trate com reciprocidade de modo que permaneça a caminhada a pensar: "uau, que fenômeno". Mas condeno os olhares de pessoas acompanhadas.
Acho um desconforto tamanho quando algum garoto acompanhado e pior, de mão dada, me encara com olhares penetrantes. Desconforto não apenas por mim, mas pela moça. E penso que nunca queria estar num relacionamento que me equipare à situação dela. E isto acontece em situações do cotidiano. Ao atravessar a faixa de pedestres; ao caminhar no shopping; ao correr; Certa vez, estava numa loja de frente para um espelho e de costas para o casal, e enquanto olhava as mercadorias, o rapaz me encarava pelo espelho. Quando percebi foi um desconforto indescritível.
E não julgo apenas os garotos. Garotas comportam-se da mesma maneira.
Se você gosta de olhares, olhe! Mas certifique-se de quem e como olha.
Se você segura a mão de alguém, valorize o dono da mesma. Não apenas pelo seu parceiro, mas pela manutenção do seu caráter.
Namaskar.
Olhares dizem muitas coisas. Os penetrantes, não necessitam nem de indiretas.
Mas, são justos? são válidos? são adequados?
E concordo plenamente com sua decisão - talvez por já ter um olhar que me cativou, ou simplesmente por compreender a decisão dela simplesmente por ser mulher.
Nós, mulheres, temos nossos próprios olhares. Quando avistamos outra mulher muito bonita ou bem arrumada, a encaramos com um olhar que expressa grande admiração ou inveja. Do mesmo modo se estiver de maneira exótica.
Em contrapartida, olhares masculinos perante mulheres nem sempre são com bondade. A maioria das vezes expressa um convite subentendido; uma tentativa de flerte; Admirações maliciosas. E não basta estar de batom vermelho ou de saia para ser vítima disto.
Não condeno os olhares. Há quem goste e trate com reciprocidade de modo que permaneça a caminhada a pensar: "uau, que fenômeno". Mas condeno os olhares de pessoas acompanhadas.
Acho um desconforto tamanho quando algum garoto acompanhado e pior, de mão dada, me encara com olhares penetrantes. Desconforto não apenas por mim, mas pela moça. E penso que nunca queria estar num relacionamento que me equipare à situação dela. E isto acontece em situações do cotidiano. Ao atravessar a faixa de pedestres; ao caminhar no shopping; ao correr; Certa vez, estava numa loja de frente para um espelho e de costas para o casal, e enquanto olhava as mercadorias, o rapaz me encarava pelo espelho. Quando percebi foi um desconforto indescritível.
E não julgo apenas os garotos. Garotas comportam-se da mesma maneira.
Se você gosta de olhares, olhe! Mas certifique-se de quem e como olha.
Se você segura a mão de alguém, valorize o dono da mesma. Não apenas pelo seu parceiro, mas pela manutenção do seu caráter.
Namaskar.
quarta-feira, 23 de março de 2016
Falta de Mobilidade Urbana II
O Caos da Selva de Pedra
A partir da década de 70, com o início da urbanização no Brasil, a população passou em pouco tempo de rural para urbana. Além disso, a rápida urbanização brasileira ocasionou alguns entraves como a favelização, a falta de saneamento básico bem como fatores que dificultam a economia e a mobilidade urbana.
É notória a diferença existente entre bairros em muitas cidades. O Morumbi e a favela de Paraisópolis em São Paulo são exemplos de dicotomia no que tange habitação, calçamento, privacidade e iluminação. Vale salientar também que nem todos os bairros dispões de calçadas para deficientes ou idosos que utilizam bengalas, uma vez que não disponibilizam de rampas ou contam com placas e postes no meio.Tudo isto gera exclusão social, incita a violência e invalida a constituição que prega a democracia e igualdade.
A falta de mobilidade influência também a economia. No governo de Juscelino Kubitschek a implantação do setor automobilístico impediu o desenvolvimento de outros modais de transportes. A herança disto são as filas de caminhões nos portos de Santos e Paranaguá para escoamento de grãos, por exemplo, assim como a dificuldade para transportar mercadorias no mercado interno entre cidades e estados. Muitas mercadorias transportadas por caminhões não conseguem atingir o prazo de entrega devido ao trânsito, ao congestionamento de carros e à precariedade das vias.
Vê-se, portanto, a necessidade da atuação de Governos e Sociedades. Os Governos municipais devem implantar projetos de mobilidade urbana para padronizar calçadas e ciclovias nos bairros com dinheiro de impostos, sobretudo do IPTU. Os cidadãos, enquanto sociedade, devem usufruir dos modais coletivos, como metrôs, ônibus e automóveis compartilhados, bem como o Governo Estadual tem de subsidiar as passagens para reduzir o preço. Ao Governo Federal compete a implantação de viadutos, manutenção de estradas, plano piloto para incorporação de trens e metrôs e uma rede aeroviária integrada para escoar para os portos produções a serem exportadas. Com estas medidas é possível minimizar o caos semeado na segunda metade do século passado
terça-feira, 22 de março de 2016
Os desafios da educação pública no Brasil
1. Falta de remuneração e estímulo dos professores
Virou de praxe professores reclamarem de salário bem como fazerem greve. Existem dicotomias salariais ridículas. Um vereador, por exemplo, tem de comparecer a uma reunião semanalmente e recebe mais no final do mês que professores que trabalharam a semana inteira.
Tive professores negligentes. Claramente desestimulados. Havia várias que passavam a maior parte da aula conversando sobre assuntos alheios às matérias, sem contar a que passava maior parte da aula "no banheiro".
2. Precariedade nos materiais
No primeiro ano do meu ensino médio (não tem mais de 5 anos) minha turma não tinha livros. Os livros não eram suficientes para todos os alunos, então não eram distribuídos. Seria fácil propor solucionar o problema fazendo apostilas, mas nem todos tinham condições de pagar nem material xerocado. Enquanto isso, no ensino privado, apostilas eram utilizadas e era ganho tempo, pois os alunos não tinham de perder aulas copiando parágrafos de matérias lidos em minutos.
Além disso, nem todas as salas contam com projetor. Matérias e apresentações de trabalhos eram atrasados muitas vezes devido a isto. Há pouco contava com uma professora que trabalhava com retroprojetor na transparência, essa geringonça aqui.
3. Falta de nivelamento entre os alunos
Nem todos os alunos têm as mesma condições. Coexistem alunos que teriam condições de pagar ensino privado mas estão no público para conseguir sistemas de cotas bem como há aqueles que vão para escola apenas para comer o lanche, pois não possuem comida em casa. E isto não é uma realidade distante.
Imagine uma tarefa que exija uma pesquisa a ser realizada na internet. Como nem todos sequer têm computador em casa -nem os livros-, um professor tem de reservar uma aula no laboratório de informática para que todos tenham as mesmas condições de fazer a tal pesquisa. Tarefa que demandaria uns 15 minutos caso tivessem condições básicas.
Outro empecilho é a dicotomia no interesse. Muitos alunos têm de trabalhar e não recebem incentivo dos pais. Fiquei um trimestre inteiro aprendendo a formula da Velocidade Média básica (V= /\S / /\t ). O professor não podia deixar metade dos alunos de recuperação, então repetia o mesmo conteúdo até que todos compreendessem. As notas eram dois extremos: 8 ; 10 e 0 ; 2. Os que conseguiam notas acima da média estudavam minimamente. Os com notas inferiores não tinham interesse nenhuma em estudar.
4. Horários não são flexíveis e serviços prestados à comunidade são limitados
Organizar um grupo de estudos na biblioteca em horário fora da aula é algo utópico. Primeiro que não adiantaria muita coisa, pois o acervo da biblioteca é escasso. Segundo que os coordenadores veriam isto como algo que poderia ocasionar caos, ou um trabalho a mais.
5. Negligência
Como há alguns professores negligentes e acomodados, por vezes não atendem a demanda dos alunos.
Muitos docentes são efetivos desde a época que concluíram o "magistério". Assim sendo, não se preocupam em se atualizar nas matérias nem em serem bons profissionais, afinal, ninguém os tira do exercício da profissão. São "ensinadas" matérias e dadas respostas vagas e insuficientes aos alunos.
Ou ainda os que têm mestrado não têm pedagogia para ensinar a nível em ensino fundamental e médio, com métodos que os alunos não são capazes de acompanhar.
6. Burocracia
As verbas são má distribuídas e insuficientes. Imagine que seja concedida uma verba para que as escolas consertem as janelas. Caso as janelas estejam em perfeito estado, a verba não pode ser remanejada para o reparo de paredes que quebraram os azulejos, e a verba tem de ser devolvida, por exemplo. Sem contar o dinheiro que é subornado e desviado com a corrupção que existe,
Certa vez fizemos uma viajem pelo programa "Viaja ES Jovem" para uma cidade a 80 km da nossa. Foi concedido ônibus, mochilas, cadernos, crachás e outras coisas do gênero. Não questiono, a educação carece de programas como estes, mas fiquei imaginando quanto dinheiro não foi desviado na compra daquelas mochilas e cadernos que nunca foram usados pela maioria dos alunos.
7. Maior probabilidade de índices de criminalidade e disseminação de drogas
Como não tem de ser pago nada, nem há rigorosa cobrança quanto às disciplinas e cumprimento de tarefas, é fácil existir alguém que sirva como "aviãozinho" dentro das escolas. Muitos professores ficam vítimas desses alunos por medo de possíveis ameaças ou do que podem fazer. Casos como estes são recorrentes, principalmente à noite.
Estes são alguns poucos desafios na educação pública que vão muito além do âmbito escolar. Engloba família, sociedades, governos, indivíduos, estratégias políticas, gestão publica, bem como a maneira que a renda é divida no país.
Sonho com uma educação mais justa e igualitária que é capaz de mudar sociedades, governos, indivíduos, estratégias políticas, gestão publica, bem como a maneira que a renda é divida no país.
Trata-se de um ciclo. Precário e deficiente.
Namaskar.
Virou de praxe professores reclamarem de salário bem como fazerem greve. Existem dicotomias salariais ridículas. Um vereador, por exemplo, tem de comparecer a uma reunião semanalmente e recebe mais no final do mês que professores que trabalharam a semana inteira.
Tive professores negligentes. Claramente desestimulados. Havia várias que passavam a maior parte da aula conversando sobre assuntos alheios às matérias, sem contar a que passava maior parte da aula "no banheiro".
2. Precariedade nos materiais
No primeiro ano do meu ensino médio (não tem mais de 5 anos) minha turma não tinha livros. Os livros não eram suficientes para todos os alunos, então não eram distribuídos. Seria fácil propor solucionar o problema fazendo apostilas, mas nem todos tinham condições de pagar nem material xerocado. Enquanto isso, no ensino privado, apostilas eram utilizadas e era ganho tempo, pois os alunos não tinham de perder aulas copiando parágrafos de matérias lidos em minutos.
Além disso, nem todas as salas contam com projetor. Matérias e apresentações de trabalhos eram atrasados muitas vezes devido a isto. Há pouco contava com uma professora que trabalhava com retroprojetor na transparência, essa geringonça aqui.
3. Falta de nivelamento entre os alunos
Nem todos os alunos têm as mesma condições. Coexistem alunos que teriam condições de pagar ensino privado mas estão no público para conseguir sistemas de cotas bem como há aqueles que vão para escola apenas para comer o lanche, pois não possuem comida em casa. E isto não é uma realidade distante.
Imagine uma tarefa que exija uma pesquisa a ser realizada na internet. Como nem todos sequer têm computador em casa -nem os livros-, um professor tem de reservar uma aula no laboratório de informática para que todos tenham as mesmas condições de fazer a tal pesquisa. Tarefa que demandaria uns 15 minutos caso tivessem condições básicas.
Outro empecilho é a dicotomia no interesse. Muitos alunos têm de trabalhar e não recebem incentivo dos pais. Fiquei um trimestre inteiro aprendendo a formula da Velocidade Média básica (V= /\S / /\t ). O professor não podia deixar metade dos alunos de recuperação, então repetia o mesmo conteúdo até que todos compreendessem. As notas eram dois extremos: 8 ; 10 e 0 ; 2. Os que conseguiam notas acima da média estudavam minimamente. Os com notas inferiores não tinham interesse nenhuma em estudar.
4. Horários não são flexíveis e serviços prestados à comunidade são limitados
Organizar um grupo de estudos na biblioteca em horário fora da aula é algo utópico. Primeiro que não adiantaria muita coisa, pois o acervo da biblioteca é escasso. Segundo que os coordenadores veriam isto como algo que poderia ocasionar caos, ou um trabalho a mais.
5. Negligência
Como há alguns professores negligentes e acomodados, por vezes não atendem a demanda dos alunos.
Muitos docentes são efetivos desde a época que concluíram o "magistério". Assim sendo, não se preocupam em se atualizar nas matérias nem em serem bons profissionais, afinal, ninguém os tira do exercício da profissão. São "ensinadas" matérias e dadas respostas vagas e insuficientes aos alunos.
Ou ainda os que têm mestrado não têm pedagogia para ensinar a nível em ensino fundamental e médio, com métodos que os alunos não são capazes de acompanhar.
6. Burocracia
As verbas são má distribuídas e insuficientes. Imagine que seja concedida uma verba para que as escolas consertem as janelas. Caso as janelas estejam em perfeito estado, a verba não pode ser remanejada para o reparo de paredes que quebraram os azulejos, e a verba tem de ser devolvida, por exemplo. Sem contar o dinheiro que é subornado e desviado com a corrupção que existe,
Certa vez fizemos uma viajem pelo programa "Viaja ES Jovem" para uma cidade a 80 km da nossa. Foi concedido ônibus, mochilas, cadernos, crachás e outras coisas do gênero. Não questiono, a educação carece de programas como estes, mas fiquei imaginando quanto dinheiro não foi desviado na compra daquelas mochilas e cadernos que nunca foram usados pela maioria dos alunos.
7. Maior probabilidade de índices de criminalidade e disseminação de drogas
Como não tem de ser pago nada, nem há rigorosa cobrança quanto às disciplinas e cumprimento de tarefas, é fácil existir alguém que sirva como "aviãozinho" dentro das escolas. Muitos professores ficam vítimas desses alunos por medo de possíveis ameaças ou do que podem fazer. Casos como estes são recorrentes, principalmente à noite.
Estes são alguns poucos desafios na educação pública que vão muito além do âmbito escolar. Engloba família, sociedades, governos, indivíduos, estratégias políticas, gestão publica, bem como a maneira que a renda é divida no país.
Sonho com uma educação mais justa e igualitária que é capaz de mudar sociedades, governos, indivíduos, estratégias políticas, gestão publica, bem como a maneira que a renda é divida no país.
Trata-se de um ciclo. Precário e deficiente.
Namaskar.
terça-feira, 8 de março de 2016
Falta de mobilidade urbana
O caos da selva de pedra
Os pedestres andam à beira da rua
que não tem calçada.
os ciclistas andam na meio da rua
que não tem calçada.
os carros reclamam dos ciclistas
que reclamam dos pedestres
que reclamam que não tem calçada.
As casas não têm garagem.
Os carros estacionam na rua.
Os pedestres andam na rua
que não tem calçada,
mas que tem carros - estacionados.
Os ciclistas andam na rua
que tem pedestres,
mas que não tem calçada,
e tem carros - estacionados.
Os carros reclamam dos carros - estacionados,
que reclamam dos motociclistas,
que reclamam dos ciclistas,
que reclamam dos pedestres,
que reclamam que não tem calçada,
nem garagem
mas tem carros - estacionados,
nem garagem
mas tem carros - estacionados,
As autoridades passam de carro.
As autoridades reclamam dos motociclistas,
que reclamam dos ciclistas,
que reclamam dos pedestres,
que reclamam que não têm calçada,
que não foram feitas pelas autoridades
que compraram carros.
Milli, B.C.

Namaskar.
quarta-feira, 2 de março de 2016
Perceba as formigas do mundo
Na última sexta-feira saí com meus amigos e tivemos uma mudança em nosso roteiro.
Tínhamos marcado de nos encontrar numa praça pra sair pra comer. Enquanto caminhávamos rumo a comida, famintos, meu amigo com uma alma ímpar de criança parou e abaixou para olhar a arte de um senhor, exposta no chão sobre um tecido.
Fiquei aguardando, pensando na comida, e o senhor me abordou dizendo que: "você é uma garota de muita sorte por estar acompanhada por estes rapazes. sabe por quê? porque eles demonstraram ter uma coisa que poucas pessoas têm. Curiosidade como crianças." E não é que ele tinha razão?!
Descreverei este senhor: Magro; maltrapilho; com 2 dentes visíveis; 63 anos - aparentando ter mais; mãos sujas, encardidas, assim como os pés, mas com uma alma e um valor imensurável!
Por vezes corria na praia e observava este senhor, assim como vários outros hippies, sentados vendendo sua arte.O que não esperava, era que ele não era como os vários outros.
Acabamos estendendo conversa, a qual durou cerca de uma hora e meia, ali na praça mesmo. Não pude acreditar que tínhamos ficado esse tempo todo em plena sexta feira conversando com um pseudohippie, e o pior: ainda sem termos comido! Mas foi o melhor programa que poderíamos ter feito.
Esse senhor, de nacionalidade Uruguaia, chama-se Ícaro Lemos. Formou-se em filosofia e tem mestrado na área. Morou na china por 11 anos, e obviamente, fala chinês. O que eu me perguntava era, como alguém tão estudado foi para numa situação daquela? sem residência, sujo, vagando por países e estados, dormindo sob a marquise do MASP e em outros lugares públicos.
Perguntei, obviamente, como ele foi para na China e no meu estado. Segundo ele,
Vínculo causa afeto, e afeto, sofrimento. E assim derramei minhas primeiras lágrimas naquela noite, ali, na praça, numa sexta-feira. Sentia uma sintonia muito agradável ao conversar com ele.
Ícaro relatou também que, as pessoas não costumam olhar nos olhos dele pra conversar, e o olham estranho quando entra em algum estabelecimento para comer, mesmo que tenha dinheiro. Consequência disso, ele se alimenta mal.
Também julgou o sistema capitalista. Estávamos numa praça onde havia feira de artesãos, e ele disse que tudo ali era fruto do capitalismo, mas a arte dele provocava o que a arte em si deve trazer: a reflexão.
E conversar com ele me fez refletir assim como refutar minha concepção de que o que importa são as coisas simples. Esse cara era muito sábio. Tinha conhecimento do mais alto nível sobre as áreas da graduação; sobre política; conceitos de física quântica e até sobre sinapses nervosas.
Construí um sentimento de alteridade ímpar por ele.
Sua arte era arame retorcido formando esculturas. Meus amigos e eu compramos quatro formiguinhas que ele vendia (uma pra cada um) - e claro que sem valor estabelecido por ele. Bom, por que formiga? você já ganhou uma formiga? acredito que ninguém tenha ganho, por isso faz a escultura tão especial.
Formigas são dotadas da capacidade de se instalarem sob a terra, trabalham em equipe, são organizadas, dividem funções e compartilham o mesmo ambientes e as mesmas dificuldades.
Guardo a minha com carinho, e lembro com alteridade de meus amigos e do Ícaro.

Depois de termos comido um churrasquinho - pois já não havia tempo de comer outra coisa aquele horário - reencontramos com ele e demos um bombom. O sorriso daquele homem me fez tão feliz que compreendi o verdadeiro valor das coisas sensíveis,
Quantas pessoas já passaram por você e você sequer olhou nos olhos ou percebeu a presença?
Valorize todos à sua volta e seja uma formiga na vida de alguém.
Namaskar.
Tínhamos marcado de nos encontrar numa praça pra sair pra comer. Enquanto caminhávamos rumo a comida, famintos, meu amigo com uma alma ímpar de criança parou e abaixou para olhar a arte de um senhor, exposta no chão sobre um tecido.
Fiquei aguardando, pensando na comida, e o senhor me abordou dizendo que: "você é uma garota de muita sorte por estar acompanhada por estes rapazes. sabe por quê? porque eles demonstraram ter uma coisa que poucas pessoas têm. Curiosidade como crianças." E não é que ele tinha razão?!
Descreverei este senhor: Magro; maltrapilho; com 2 dentes visíveis; 63 anos - aparentando ter mais; mãos sujas, encardidas, assim como os pés, mas com uma alma e um valor imensurável!
Por vezes corria na praia e observava este senhor, assim como vários outros hippies, sentados vendendo sua arte.O que não esperava, era que ele não era como os vários outros.
Acabamos estendendo conversa, a qual durou cerca de uma hora e meia, ali na praça mesmo. Não pude acreditar que tínhamos ficado esse tempo todo em plena sexta feira conversando com um pseudohippie, e o pior: ainda sem termos comido! Mas foi o melhor programa que poderíamos ter feito.
Esse senhor, de nacionalidade Uruguaia, chama-se Ícaro Lemos. Formou-se em filosofia e tem mestrado na área. Morou na china por 11 anos, e obviamente, fala chinês. O que eu me perguntava era, como alguém tão estudado foi para numa situação daquela? sem residência, sujo, vagando por países e estados, dormindo sob a marquise do MASP e em outros lugares públicos.
Perguntei, obviamente, como ele foi para na China e no meu estado. Segundo ele,
Vínculo causa afeto, e afeto, sofrimento. E assim derramei minhas primeiras lágrimas naquela noite, ali, na praça, numa sexta-feira. Sentia uma sintonia muito agradável ao conversar com ele.
Ícaro relatou também que, as pessoas não costumam olhar nos olhos dele pra conversar, e o olham estranho quando entra em algum estabelecimento para comer, mesmo que tenha dinheiro. Consequência disso, ele se alimenta mal.
Também julgou o sistema capitalista. Estávamos numa praça onde havia feira de artesãos, e ele disse que tudo ali era fruto do capitalismo, mas a arte dele provocava o que a arte em si deve trazer: a reflexão.
E conversar com ele me fez refletir assim como refutar minha concepção de que o que importa são as coisas simples. Esse cara era muito sábio. Tinha conhecimento do mais alto nível sobre as áreas da graduação; sobre política; conceitos de física quântica e até sobre sinapses nervosas.
Construí um sentimento de alteridade ímpar por ele.
Sua arte era arame retorcido formando esculturas. Meus amigos e eu compramos quatro formiguinhas que ele vendia (uma pra cada um) - e claro que sem valor estabelecido por ele. Bom, por que formiga? você já ganhou uma formiga? acredito que ninguém tenha ganho, por isso faz a escultura tão especial.
Formigas são dotadas da capacidade de se instalarem sob a terra, trabalham em equipe, são organizadas, dividem funções e compartilham o mesmo ambientes e as mesmas dificuldades.
Guardo a minha com carinho, e lembro com alteridade de meus amigos e do Ícaro.
Depois de termos comido um churrasquinho - pois já não havia tempo de comer outra coisa aquele horário - reencontramos com ele e demos um bombom. O sorriso daquele homem me fez tão feliz que compreendi o verdadeiro valor das coisas sensíveis,
Quantas pessoas já passaram por você e você sequer olhou nos olhos ou percebeu a presença?
Namaskar.
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